04 junho 2007

De Eugénio de Andrade

Apenas um rumor

E no teu rosto aberto sobre o mar
Cada palavra era apenas o rumor
De um bando de gaivotas a passar...


Despedida

Colhe
Todo o oiro do dia
Na haste mais alta
Da melancolia...


Sobre a casa

Não há senão a casa viva do olhar
À beira do crepúsculo.
Não há senão
A vereda quase triste das palavras..


Palavras

Que fizeste das palavras?
Que contas darás tu dessas vogais
De um azul tão apaziguado?

E das consoantes, que lhes dirás,
Ardendo entre o fulgor
Das laranjas e o sol dos cavalos?

Que lhes dirás, quando
Te perguntarem pelas minúsculas
Sementes que te confiaram?

2 comentários:

Joana disse...

O meu poeta predilecto.
Nunca a morte de nenhum poeta me tocou tanto, morri um bocadinho, bem a da Sophia também, mas menos...
Eugénio de Andrade tem outro encanto, até porque apenas o descobri na adolescência, quando tudo é forte, dramático, apaixonado, apaixonante e definitivo.

Boas escolhas!

Jinhos.

Anónimo disse...

Tive o meu "primeiro encontro" com Eugénio de Andrade, em São Tomé... Longe de casa, da familia... numa realidade nova... é apaixonante... e único...
um beijo Vera