30 novembro 2010

Fernando Pessoa

T0da a alma digna de si própria deseja viver a vida em Extremo.Contentar-se com o que lhe dão é próprio dos escravos. Pedir mais é próprio das crianças. Conquistar mais é próprio dos loucos...( Desassossego)
Se hoje a comunicação social toda não tivesse vindo lembrar-nos Pessoa no dia da sua morte, talvez eu não me tivesse demorado particularmente a recordá-lo, porque ,avessa a datas e para mais obituárias, estaria a pensar em coisas muito mais próximas de mim, agora.
Mas, dos meus amores com Pessoa, todos aos altos e baixos, uma coisa sempre me suscitou piedade ( o que ele decerto abominaria):que as suas últimas palavras tivessem sido,primeiro de insegurança e logo seguidamente de pedir os seus óculos...A crermos n a permanência da sua capacidade de raciocinar até ao último momento e conhecendo o seu pensamento que citei, teria ele partido para uma louca conquista que vislumbrava mal naquele transe do seu caminho ?...
Que podemos nós saber dISSO ?

28 novembro 2010

Advento 2010

Vigiai... ...esiai preparados porque à hora em que men0s pensais é que vem o Filho do Homem !
Ponhamos de parte as obras das trevas e passemos a usar as armas da luz !
Vinde pois ! Subamos ao monte do Senhor... que Ele nos ensine os Seus caminhos e nós sigamos pelas Suas veredas.... ...Nem mais se há-de aprender a fazer guerra-
Com que sedutores conselhos estamos a iniciar hoje um novo ano litúrgico, respectivamente pela mão de Jesus( SãoMateus,24, 37-44), São Paulo e Isaías ! Estamos a entrar de novo numa época de expectativa , de um renovar de esperanças, que só a grande força da nossa Fé pode sustentar. Sempre. E agora que, nesta nesga de Terra a que chamamos "nossa", quase desaprendemos quais os caminhos, quais as veredas que nos conduzam para o mais alto, o menos rasteiro com as lamas das virtudes esquecidas, precisamos tanto das "armas da luz" de que fala São Paulo ! Que o Senhor Deus nos ajude a vigiar neste Advento, mais,muito mais do que temos sido capazes de o fazer até agora ! Subiremos ao monte do Senhor com Isaías ?

25 novembro 2010

Thanksgiving day

Creio que foi o presidente Lincoln que, ainda durando a guerra civil americana , decidiu criar este dia votado ao agradecimento a Deus. Do que tenho lido, deduzo que há muitas hipóteses sobre a data de origem desta vontade de agradecer, tanto no que à cidade ou região se refere, como no que na verdade se agradece, mas o certo, certo ,é que na base sempre aparece a ligação à Terra, às colheitas, aos bons resultados de um ano de trabalho. Surgiram as refeições festivas com a família reunida na mesma alegria e lá apareceu o belo perú que foi alimentado dos produtos da terra e que, naturalmente grande, fazia o "prato forte" da festa...E para os americanos , canadianos e até por ligaçóes que desconheço, para os holandeses, nunca mais deixou de se ligar o mais belo perú da quinta á alegria gourmet destas celebrações de perto de um final de.ano maisou menos feliz e bem sucedido.
Por tudo isto, foi com um enorme sorriso e com um verdadeiro encantamento que vi hoje,num noticiário televisivo, um lindíssimo exemplar de perú deslumbrantemente branco e de penas entufadas como uma borla de pó de arroz dos velhos tempos, ser oferecido ao presidente Obhama e ser por ele aceite em cerimónia pública e com direito a um pequeno discurso brincalhão...
Hoje sou eu que faço aqui no meu canto o meu pequeno thanksgiving por ainda haver neste mundo corroído de pesados sentimentos, intrincadamente mal-pensantes, um presidente que aceita entrar publicamente numa das mais inocentes e significativas brincadeiras que ajudam a alegrar e congregar o "seu" povo,,,

21 novembro 2010

« Viver todos os dias cansa »

Um jovem escritor de nome Pedro Paixão tem um seu livro a que deu o título Viver todos os dias cansa e , desde que o li, não saberei dizer quantas vezes me encontro a pensar ou a dizer para mim mesma essa frase, assim à maneira de suspiro fundo,daqueles que nos ajudam a aliviar da demasiada pressão que a vida exerce sobre nós em tantas ocasiões !
E,se aqui estou agora mesmo a"suspirar", é porque, não tendo nenhumas obrigações de rua nos últimos dois dias e tendo alunos meus que sujeitar-se a tolerâncias de ponto dos professores de mistura com cortes de transportes a horas chamadas úteis para eles, fiquei eu serenamente livre para poder encharcar-me da televisão que bisbilhotou para mim em cima do acontecimento toda a insistentemente "badalada" Cimeira Nato em Lisboa. Para quê adoptar aquela atitude blasée dos que dizem« o quê ? ver isso? Nem pensar...» impantes da sua superioridade à vulgaridade de se interessarem,1-pela televisão em si mesma, 2- pela ideologia política que de todo o conjunto irradia...? Claro que vi,ouvi, tornei a ver, tornei a ouvir, tanto quanto me deram e por vezes ainda quanto procurei, para comparar pontos de vista dos relatores. Não vem aqui ao teor deste meu blog falar, de minha justiça, sobre a Nato, organização dentro da qual aliás já estive credenciada durante o desempenho das minhas funções profissionais, por alguns anos.Do que sim quero falar é do que chegou até aos nossos écrans de coordenação de acções diversificadíssimas, de horários cumpridos,de trabalho na sombra, nos bastidores, de presenças onde devia havê-las, bem como de ausências onde assim devia ser. Ver a "vera efígie" dos homens da grande política já não nos surpreende, mas vê-los sorrir ou carregar o sobrolho dá-nos muita informação sobre muita coisa, surpreender um pequeno esgar, um subreptício gesto,quando não sentem o peso das cameras, isso sim pode ser interessante.Então, ao fim de dois dias dessa concentração em muitas coisas e todas intrinsecamente diferentes, a par com a obrigatória gestão doméstica nem sempre fácil ou leve, lá me brotou da alma a frase do Pedro Paixão... E o que costuma acontecer-me quando os dias são assim carregados de um viver que me cansa, é deixar para trás, como o barco atira carga ao mar se quer vencer mais algumas ondas tempestuosas, deixar para trás coisas até bonitas de contar...Coisas que arrecado para um dia...
Hoje porém, sendo domingo e dia de CRISTO-REI,último domingo deste Ano C, que nos proporcionou tão edificantes Leituras, especialmente de São Lucas , meu evangelista preferido, não posso deixar para trás toda a carga que me traz ( e o que me cansa,Senhor, pensar nessa carga !) aquela frase do Pai-Nosso : venha a nós o Vosso Reino...

14 novembro 2010

33º domingo

Hoje é o penúltimo domingo do ano litúrgico que correspondeu ao ano civil de 2010.
Ainda não tive disponibilidade para olhar para trás e fazer o levantamento das coisas boas e positivas deste ano que finda, na sua multiplicidade de aspectos. E, quando digo disponibilidade quero talvez dizer também imparcialidade, objectividade, porque, se nunca consigo deixar de ver, entender, sentir e escolher com as características muito minhas, muito pessoais, só me separarei da subjectividade a poder de algum esforço cívico que advem de aprendizagens várias e isso é um exercício que exige tempo, muito e quase asséptico tempo.
O que sei é que, ao ler o Evangelho deste domingo( São Lucas,21,5-19 ) me não pude furtar a perguntar-me se esta fala de Jesus seria só premonitória...«Quando ouvirdes falar em guerras e tumultos não fiqueis aterrados: assim tem de acontecer primeiro, mas não será logo o fim.
Há-de erguer-se povo contra povo e reino contra reino. Haverá grandes terramotos e em diversos lugares, fomes e epidemias. Haverá coisas pavorosas e do céu virão grandes sinais...
E tereis ocasião de dar testemunho...»
Que testemunho daremos? Dizia São Paulo aos tessalonicenses que trabalhassem e não vivessem na ociosidade, sem fazerem trabalho nenhum mas ocupados em actividades inúteis e que se alguém não quisesse trabalhar, não deveria comer de graça o pão de ninguém.
O nosso tempo é pois um cúmulo de situações que têm origem em situações e hipóteses com mais de dois mil anos. Acabaremos assim mais um ano sem termos melhorado nada. «Pela nossa constância é que havemos de salvar as nossas almas »,dizia Jesus há dois mil anos. Será que,com tais práticas de vida neste mundo envolvente, conseguiremos, pelo menos, salvar a nossa constância ?

09 novembro 2010

Neste São Martinho(dia 11)

Entrou Outubro e saiu sem me ter permitido aqueles arrobos de voluptuosidade a que por muitos anos me habituou. Anda nas bocas do mundo aquela espécie de refrão-conclusão das meditações sobre os temas mais díspares da nossa actualidade ... isto já não é o que era... Pois não ! Nem mesmo a entrada do Outono. Tivemos um Outubro às vezes doce, ás vezes chuvoso e frio, sem alternâncias previsíveis, e sem aquela doçura de temperatura, brisas e aromas a que nos habituara quando era o que era... E começámos Novembro com os esplendores de um Verão de São Martinho precoce que, tendo deslisado inesperadamente para invernias já até de neves na Serra, nos leva a pensar ,que não virá a ser possivel recordar no dia 11 aquela amenidade que permitiu o longo cortejo fúnebre que acompanhou Martinho, Bispo de Tours, à sua última morada, já sendo rigorosa lá a invernia e acontecendo um tal súbito verão que até desabrocharam rosas nos jardins que o cortejo foi bordejando...Antes o frio nos faz pensar na partilha da capa do vigoroso militar Martinho com o pobre quase nu encontrado na estrada.
É nesta volta do caminho que o nosso pensamento deriva para quantos milagres de bondade, de piedade até, nos seriam bem-vindos, homens e mulheres deste nosso país tão sofredor agora !Por muito que nos queiramos alegrar com a repetição dos provérbios relativos à época que em qualquer país falam do porco, das castanhas e do vinho, tudo são hinos a uma abundância que a nossa realidade actual não consegue entoar...Deles só se aproveita o anúncio do frio que está na hora de chegar. É por causa de tantas incertezas e incumprimentos meteorológicos que eu, « bicho da terra, tão pequeno » me tenho encontrado, não direi insegura, mas como que flutuante ao sabor do quotidiano e dos momentos, tão sem espaço para aquelas meditações longas que ajudam a nivelar os desgostos e as alegrias e a ir guardando-os todos dentro do nosso coração como nos ensinou Nossa Senhora, nas suas secretíssimas tribulações por causa de ter um Filho chamado Jesus. É um aprendizado doloroso. Mas não deixei de rir quando todos esperavam que risse e de chorar quando eu própria não podia impedir-me de o fazer.
E aqui estou acompanhando o meu mundo não desistindo nunca de acertar pelo dele o meu calendário sentimental...

02 novembro 2010

2 de Novembro




" As datas ! As datas e a sua pressão sobre a nossa memória...sobre as nossas recordações ! E a nossa subserviência... Porquê ainda ?
Afectos, gratidões, afinidades, encontros e desencontros, dias felizes, dias sofridos, perdas, achados ...e o amor, os amores ... saudade sempre ! ! !
E foi o 31 de Outubro , e foi o 1 de Novembro, e é o 2 de Novembro... Cada um, sua borbulhante preia-mar a esparzir-se sobre a secura de tantos, tantos, areais que se julgam desertos...
Reza-se, claro. Que seria de nós sem aquela certeza de que algures... ... Um dia... ou hoje, hoje mesmo , a nossa recordação encontra eco onde talvez «memória desta vida se consente »...
Com uma enorme braçada de crisântemos vamos sem bem saber a quais, aonde, porque as lágrimas que procuramos reter nos não deixam ver bem. preferenciar caminhos...

01 novembro 2010

Dia de Todos-os-Santos

Quem poderá subir à montanha do Senhor?
Quem habitará no seu santuário?
_O que tem as mãos inocentes e o coração puro,
o que não invocou o seu nome em vão.

Este será abençoado pelo Senhor
e recompensado por Deus, seu salvador.

Esta é a geração dos que O procuram.
Salmo 23




Todos Santos? todos mesmo, os que ouviram Jesus ,na sua voz pausada e cativante, lá no alto da montanha, dizer-nos como seremos felizes e como de nós será o Reino dos Céus... Como serão bem-aventurados todos os que souberem multiplicar pelos séculos dos séculos as práticas ali recomendadas... (São Mateus,5, 1-12)