29 dezembro 2008


E pronto ! Estamos a despedir-nos de mais um ano que já festejámos como Novo e agora já é VELHO ! ! !... Como se mais nada houvesse para nos lembrar a precaridade das coisas vivas !

Mas é bom consolarmo-nos, regalarmo-nos mesmo ( os que podemos ), com as doces lembranças do NATAL. Eu fui feliz ! Nâo é muito vulgar poder dizer isto .Mas fui.Estive longe e fora de toda aquela turbulência da Lisboa das notícias, das vaidades, das hipocrisias, das aparências...

Acordava ainda o céu estava violáceo e sobre a água e os seus vales havia espessos blocos de nuvens a esbaterem-se pelas encostas até alcançarem os cimos em transparências variáveis...

Pairava então por cima de tudo e era-me possível sonhar com um paraíso, até que o sol lentamente ia empurrando todas as cores e texturas indefiníveis para deixar tudo azul e límpido. E aí, já a minha alma lavada ia ao encontro da limpidez das amizades...

Quando, na noite de Natal, saímos perto da meia noite e o frio nos chegava aos ossos, era tão límpido o negro do céu, que as estrelas pareciam em relevo, quiçá coladas lá em cima para guarnecer, como os enfeites luminosos com que haviamos debruado e polvilhado a casa e as árvores em redor... Depois a missa, a Fé celebrada em simplicidade. Será lugar-comum mas apetece-me falar de Noite Mágica .Espera-se qualquer coisa...Só no regresso a casa, a deixarmos chegar o sono olhando a dança das labaredas e o crepitar das brasas escarlates da lareira nos foi possível voltar a sentir os pés bem assentes na Terra. Todos aqueles cânticos portugueses ou não que repetimos por esta época se condensaram no tão pacificante noite de paz...que levámos no ouvido ao irmos dormir, nessa e nas outras noites.
Estou pronta agora a deitar fora o Ano Velho. Mas nunca todos os pedaços dele em que um calor de AMIGOS me fez sentir, como agora, feliz e viva ! ! !

14 dezembro 2008

Gaudete! nos cem anos da minha professora...

Sem anos com S, sim,
ó minha amiga !...
Está pensando que esqueci
que me ensinou muito mais
que o lugar da letra S
naquela palavra, ali ?

Pois saiba que o C no Cem
me enche de orgulho também...

Só que o S vem aqui
pra dizer que a vejo agora
como há tanto tempo a vi,
minha querida Professora !

Fresca, bonita e tão jovem
que até nem nos fica bem
falar dos anos que tem...

Por isso é que decidi
passar a escrever com S
o CEM que a gente não esquece,
o SEM retrato de SI ! ! ! ...


Ontem, dia 13 de Dezembro, foi o dia de anos da minha professora dos primeiros anos do ensino secundário, a doutora Maria Luciana. E fez CEM ANOS !
Quando a conheci era tão bonita, tão alegre,tão dinâmica, tão elegante, chic em todas as formas de ser, de se apresentar, que gradualmente se foi transformando para todas as alunas no modelo que todas nós sonhámos vir um dia a copiar... Ela tinha uma pequena sociedade com mais dois ou três ex-colegas do seu curso e outros tantos amigos de outros cursos com a qual puderam criar um Colégio em Lisboa e, na Linha de Cascais, ela criou sozinha uma extensão deste Colégio, que eu frequentei com outras meninas e meninos, durante três anos e não mais porque as obrigações de carreira do meu Pai me levaram para outra terra. A doutora Maria Luciana leccionava todas as disciplinas com um fulgor, um entusiasmo, e um tal "savoir faire" que o que com ela aprendemos nunca viemos a esquecer e onde chegávamos sempre nos consideravam muito bem preparados. Nasceu com Ela e entre nós alunos uma cadeia de amizade que nunca "enferrujou. As nossas vidas seguiram os seus rumos e Ela sempre professora. Cada um de nós a fomos sempre contactando, a espaços, e ´dando notícias suas uns aos outros, quando a víamos ou estávamos com Ela. Festejámos-lhe os noventa anos num grande almoço...
E agora chegaram os 100 ! Ela sempre activa, movimentando-se, documentando-se, a recordar-se, a recordar-nos, sempre elegante, bonita na sua idade.
Nunca deixou de acompanhar o que fui fazendo: veio às apresentações de coisas minhas, comentou, estimulou, como sempre o fizera, ainda eu era menina...
É este o porquê do poeminha que lhe ofereci agora.

E já agora, foi o grande tema do meu domingo de hoje.
No período do ADVENTO, este terceiro domingo é aquele que dá pelo nome de Domingo GAUDETE. Por causa da ALEGRIA que principalmente João,no deserto, nos promete para quase já,já...
E não é parte dessa alegria tão nova o festejar-se os Cem Anos de uma pessoa tão especial ?...

11 dezembro 2008

Saramago. Os Direitos do Homem

Todo o Homem nasce livre... Todo o Homem tem direito a... Começa dentro deste espírito a mais extraordinária profissão de Fé publicada pelo Homem e que ontem perfazia 60 anos de idade. É também um belíssimo CREDO que a nossa religião nos ensinou a rezar. E nós, que rezamos e cremos, temos todas as dificuldades do mundo em, uns com os outros, fazermos deste código uma coisa viva e activa. Que fadas madrinhas teríamos tido todos para que as mais das vezes nem saibamos bem ao certo explicar a Liberdade ?
Foi também ontem, e nem tudo é por acaso, que pudemos ver a degradação que pode produzir-se em dez anos de vida de um ser humano. Para celebrar Saramago, no dia em que se perfaziam dez anos sobre aquela honorabilíssima sessão em que lhe foi entregue o prémio NOBEL da Literatura, foi apresentado na TV um programa muito bem estruturado que não teve o cariz da clássica entrevista, mas em que o autor deambulava pela sua obra estabelecendo pontes com a sua vida... Muito interessante, mas tão doloroso ! Alquebrado, hipersensível, carente e com as lágrimas a saltarem-lhe não dos olhos, mas da alma... De que somos feitos, meu Deus ? Não há sequer uma única beliscadura na sua inteligência, nos seus raciocínios, na sua coerência... Mas o corpo mostra bem todo o "uso" que à doença se não conseguiu furtar. Penso ainda que o reconhecimento tão nítido da dor como ele teve( e tem ), vai também corroendo o corpo, por misteriosas vias que ainda não conhecemos...
Quem dera fosse esta uma das Liberdades a que todos tivéssemos também direito !

06 dezembro 2008

Grupos e solistas - músicas novas

É impossível não reportar ao Natal todas as coisas em que nos vamos envolvendo por esta época, de tal maneira ela é marcante na nossa vida de cristãos. Mas infelizmente - principalmente( não, não é escorregadela gramatical, é intencional ) porque é insistentíssima a pressão exercida sobre nós pela propaganda comercial através de todo e qualquer meio de comunicação social, de todo e qualquer meio, diria mesmo. E assim acontece que façamos nós o que fizermos, comer, beber, lavar, vestir, calçar, encontrar amigos, arranjar a casa e por aí fora, sempre nos surge a sugestão de não esquecer a época, trazida pelas maneiras mais inesperadas e tentando arrastar-nos para as mais inesperadas manifestações de uma alegria que não tem nenhuma correspondência afectiva ou emocional.No meu último post deste blog eu estava até demasiado amarga, por causa disto. Mas, a verdade é que estou cá e não posso ou não sei fugir da onda. Como pensei em comprar para oferecer alguma música, lembrei-me de me actualizar ouvindo e vendo um programa na TV que me disseram fazer semanalmente a recensão das últimas novidades, apresentando um pouco do seu aspecto e relativizando o valor que umas e outras têm.
Vi e até foi uma óptima ajuda. O que fiquei foi impressionada com as espantosas formas de se apresentarem de alguns daqueles intérpretes. Pareceu-me que quanto mais célebres, mais horrorosamente trajados e pintados e penteados gostam de se mostrar... Tendo a idade que tenho, assisti ao aparecimento dos BEATLES pelos quais fui logo cativada e lembro-me bem do azedume com que as pessoas mais velhas falavam das suas cabeleiras...Que diriam se vissem agora alguns bandos de esfarrapados ou semi-nus com umas cabeças envoltas numas massas para as quais só acho bom o termo francês tignasse? Felizmente que nem todos iam por esses lados nas suas formas de afirmação ! Por exemplo: uma lindíssima Fátima Guerreiro, usando um belo vestido preto e enfeitada com aqueles famosos ouros das raparigas de Viana do Castelo.Que bonito tudo ! A sua voz, o Fado, tudo... Que nunca fui uma grande apreciadora de fados ! No entanto até verifico que o Fado que cantam agora é mais poesia cantada do que outra coisa.
É bom que a informação sirva mesmo para nos informar.