No ano de1195 nascia em Lisboa um rapazinho que batizaram com o nome de FERNANDO. De família, a nobreza do nome .De natureza, humilde.
Algum tempo mais tarde, em 1888, nascia também em Lisboa um outro rapazinho a quem também batizaram com o nome de FERNANDO.Só que este nasceu no dia 13 de Junho e aquele morreu no dia 13 de Junho, com 36 anos de uma piedosa vida que devotou a toda a espécie de santas obras, enquanto o outro viria a morrer com 47 anos de uma vida de dedicação ás letras e às mais exóticas extravagâncias filosóficas. Mas só pelas coincidências dos dias 13 do mesmo mês e a do nome de Fernando se apresentam muito juntos nas memórias laudatórias de muita gente que tenha alguma instrução religiosa e suficiente cultura literária para, juntando-os, saber separá-los. Até porque ao primeiro não se lembrarão todos que se chamava Fernando (de Bulhões), visto que é ANTÓNIO ( Santo António ) o nome que o eternizou .Agora, que Lisboa delira com festejos garridos, patuscadas, bailes, casamentos sumptuários, noitadas, desfiles e tudo o que a isto se liga, para celebrar o "seu" Santo António, pergunto a mim mesma se a doçura, a humildade, a enternecida caridade deste Santo não estarão exigindo dele umas excepcionais doses de paciência e de... perdão.
Se até o Fernando Pessoa se sentiu autorizado, nas suas QUADRAS AO GOSTO POPULAR a "meter.se" com o Santo, com um sorrisinho pouco próprio:
Santo António de Lisboa
era um grande pregador.
Mas é por ser SANTO ANTÓNIO
que as moças lhe têm amor.