24 junho 2012

SÃO JOÃO

Uma vez mais, domingo! Dizia-me uma leitora "malgré tout" : mas  porque escreve sempre ao domingo, sempre sobre as missas e os evangelhos, e não escolhe a semana, para falar de outras coisas da nossa vida?  Pois não lhe soube responder senão com a desculpa da falta de tempo nos dias de semana. Falar-lhe do meu fascínio por aquela forma de literatura que encontro nos evangelhos e livros sagrados parecer-lhe-ia um pretenciosismo. Falar-lhe da minha/devoção/curiosidade/paixão por Jesus-pessoa e Jesus-filho de Deus, falar-lhe de como entendo a Santíssima Trindade pelo que faz em mim o Espírito Santo, a ela que nem sequer aceita a existência de Deus, parecer-lhe-ia pura beatice que a afastaria de mim, o que seria a última coisa que eu queria... Pelo menos, assim, lá me irá lendo... E como é inteligente, eu posso ir cultivando uma pretensiosa esperança de estar a fazer uma certa espécie de evangelização. Feita a introdução...
Vamos pois hoje festejar o dia de anos do nosso São João (dom de Deus), aquele bom gigante que  tão perto esteve de Jesus, pelo parentesco, pela admiração (não serei digno nem de apertar-lhe as correias das sandálias), pela  apresentação através do baptismo, pela sua luta sempre moralizante que acabaria por levá-lo à morte, pelos seus brados no deserto... Milhares de anos volvidos, quem sabe o eco desses brados não poderá ainda trazer até os nossos dias a ressonância desse anúncio de um JESUS de cuja presença entre nós, estamos precisando cada dia mais ?...

17 junho 2012

A SEMENTINHA E O GRANDE CEDRO

...E não lhes falava senão por parábolas mas,em particular, tudo explicava aos discípulos ( S. Marcos, 4, 26-34) .Dizia Jesus ; "- A que havemos de comparar o Reino de Deus ? Em que parábola o havemos de apresentar? É como um grão de mostarda que ao ser semeado é a menor de todas as sementes que há na terra, mas, depois de semeado, começa a crescer e se torna a maior de todas as plantas da horta e deita ramos tão grandes que as aves do céu podem acoitar-se à sua sombra..."
Mas, no Livro do Profeta Ezequiel, é o próprio Senhor Deus que fala e usa quase símbolo do seu poder, essa imagem da planta que deve crescer  como o desabrochar e agigantar.se dum  majestoso cedro.
Do cimo do grande cedro, dos seus ramos mais altos,eu próprio vou colher um ramo novo e vou plantá-lo num monte muito alto e ele há-de lançar ramos e dar frutos e tornar-se um cedro majestoso onde farão ninho todas as aves .E todas as árvores dos campo hão saber que Eu sou o SENHOR;abato a árvore elevada e elevo a árvore abatida, faço que seque a árvore verde e reverdesça a árvore seca. Eu, o Senhor, o afirmei e o hei-de realizar.
Jesus seria esse cedro majestoso e nós perguntamo-nos hoje se todos e tão produtivos e até viçosos prjectos de Deus não estarão ainda em fase de esboço, porque este tempo do Senhor não é igual ao nosso tempo. E também porque nem a terra ,nem as sementes,nem os cedros de agora são como os dos Evangelhos de então... Será que ainda estarão para ser ? ? ?...

14 junho 2012

PORQUÊ?


No  último post que aqui deixei antes, mas a caminho já de uma decisão de desistência, creio que deixei mais ou menos esboçado o retrato da insegurança. Acabo de confirmar certezas sobre dúvidas que tinha. Muito me tem sido dito em termos, olhares, sorrisos e palavras elogiosas acerca da minha actividade como blogger  e de um modo geral como utilizadora da net para tratar de coisas práticas da vida quotidiana. E esses ditos e atitudes sempre me foram parecendo semelhantes aos que se dizem a um precoce Joãosinho ou a uma desinibida Joaninha que entre os cinco e os seis anos já dizem "bom dia" em inglês ou sabem cantar o Frère Jacques sem  se enganarem... Decididamente uma octogenária não é suposto meter-se nas modernices da electrónica...... e aguentar-se lá ...
Pois tinham razão, sim senhor ! De tanta coisa que ela ultrapassa para "funcionar" na net como quem sabe ! Nem sequer pode comparar-se aos "meninos prodígio", porque esses têm uma vida à frente para aprenderem tudo desde os alicerces, e isso lhes dará a segurança que a velha senhora sente faltar-lhe logo que qualquer pedra ou buraco se lhe atravesse no caminho.
Agora que percebi que a estrada do computador pode estar cheia de surpresas que dificultam as caminhadas, agora que vi "claramente visto" que não tenho conhecimentos para achar soluções e que só numa estrada bem lisa sei caminhar, experimentei  que o amargo da insegurança é a causa de mais uma das fraquezas que a idade me traz e resolvi  travar uma nova luta, uma vez mais, uma vez mais...
Mas porque  terá que ser assim ?
Porque me terá querido pôr à prova o meu velho e querido companheiro  blog ?

13 junho 2012

intervalo

Se acaso ainda tenho alguns leitores que me procurem, percebi hoje que seria bom informá-los de que, por motivos de avaria informática, estou em fase de reaprendizagem, tentando adaptar-me a novos modelos de base de sustentação e tentando esquecer os "vícios" que havia adquirido em cerca de seis anos de prática nos mesmos modelos e formatos.

07 junho 2012

Uma data, no meio de outras

Nisto do passar do tempo não encontramos segurança nenhuma que nos permita criar uma linha de normalidade. E falamos de rotinas como se acreditássemos nelas, mas certo, certo e regular é apenas o enrolar e desenrolar de horas, dias, meses, anos, numa  arritmia que joga connosco como se não  fossemos mais do que pequenas marionnettes.Tão depressa o tempo nos sobeja, na peganhenta fossa da reforma ou das convalescenças ou das esperas, como tudo subitamente se atropela com entre-choques nos fazem perder parcelas de tempos que foram  vida e se enovelaram a ponto de lhes deixarmos escapar as  suas coordenadas...Não estou a falar de "esquecimentos", mas apenas de "atropelamentos" que impossibilitam por vezes   a  coabitação e nos obrigam também por vezes a fazer escolhas e a "acelerações" nem sempre desejadas ou desejáveis. Oh! que lá me escapou o aniversário de... Quase um mês sem ter tido com quem conversar... e logo nesse dia se lembraram de mim...
Isto desestabiliza. Mas é a marca de uma época, de uma geração habituada a improvisar e não planificar, a não rotinar.Há que levar a nossa vela a apanhar os ventos "de  feição" e ir seguindo like a puppet on the string...
E no dia dois de junho estava tão rodeada de felicidade que só  na hora das minhas orações recitei em silêncio aquele poeminha:
Ardeu, como uma dor
o sol
daquele dia...
Quem diria~
que dói~
com tanto ardor,
quando somente foi
parte da nossa Vida
que partira ?...

05 junho 2012

Na minha manhá, Juan Ramon Gimenez

Depois de um fim de semana reposante,tonificante, amigo, reencontro obstinado com a crueza dos dias... Vale-me, frente à janela do meu quarto, o verdadeiro cortinado espesso de um olmeiro que ali partilha comigo a vida e a cidadania há uma boa meia centena de anos. Ele me oferece, manhã ainda parda, um concerto de melros e pardais e depois, mais tarde, ouve e faz-se eco com a brisa já acordada, das minhas comovidas orações matinais..
                              .A VIECES, SIENTO
                              COMO LA ROSA
                              QUE SERÉ UN DIA COMO EL ALA
                              QUE SERÉ UN DIA;
                              Y UN PERFUME ME ENVUELVE, AJENO Y MIO
                              MÍO Y DE ROSA;
                              Y UNA ERRANCIA ME COJE, AJENA Y MÍA,
                              MÍA Y DE PÁJARO...
e então aí está mais um dia que vem trazer-me sempre qualquer coisa de alto, talvez seja mesmo eesperança... Só que as oscilações da realidade se encarregam quase sempre de me enrodilhar os dias, e , cansada, à noite já perdi  esse perfume de rosa e essa errancia de pájaro...