31 janeiro 2010

AMOR

O Amor é paciente
O Amor é amável, não é invejoso.
O Amor não é vaidoso, nem soberbo, nem inconveniente.
Não é interesseiro, nem irritável, nem rancoroso.
Não se alegra com a injustiça, mas sim com o triunfo da verdade.
Tudo desculpa.
Tudo acredita.
Tudo espera.
Tudo suporta.
O Amor nunca desaparece.
São Paulo
Se eu tudo fizer sem AMOR, não serei mais do que um bronze que ressoa ou um metal que tange.

29 janeiro 2010

Quando a palavra não é de prata

Um dos provérbios que aprendi na Escola foi ... o slêncio é de ouro e a palavra é prata...Creio que me ensinaram isto, porque eu era uma tagarela muito dificilmente controlável, mas esse gosto de comunicar faz parte da minha constituição e só com o advir da maturidade me apercebi do enorme potencial do silêncio e da perigosidade da palavra...
Aconteceu-me há dias um convite encantador de uns amigos para ir com eles fazer um passeio ~por uma região que muito aprecio, de campos amplos, cultivados, aqui e ali irrigados por boas manchas de água, vizinhas ainda do Tejo, zona de boas e antigas propriedades rurais hoje conhecidas ou pela sua produção de vinho ou pela sua criação de cavalos, um país "limpo", genuino, em cujas vilas cheira a pão quente e a adegas frescas de vinhos bem perfumados...
Este convite era também para justamente almoçar , claro está que um almoço a condizer com o ambiente ... E então, com o restaurante já previamente escolhido por informação que o meu amigo procurara, vimo-nos recebidos num ambiente atraente, cavacas a arder na lareira, mesas postas com toalhas de bordadinhos simples, da região, fotos nas paredes de motivos tradicionais
do local, enfim, mesmo apetitoso para satisfazer as fomes e os frios que levávamos. E é-nos apresentada a "lista" das comidas típicas e características da terra de uma forma original pois foi feito oralmente e com explicação minuciosa da composição de cada prato, pelo dono do restaurante.Até aí, engraçado, fora do comum... Só que daí por diante nunca mais parou a catadupa de palavras com que aquele anfitrião achou por bem mimosear-nos, na ânsia de tudo contar, tudo explicar, tudo mostrar do que se fazia na casa, na terra, nos arredores, no país...
Não nos deixou um só instante e estava feliz, rejubilava, nós só podendo ir dando a menor réplica possível, já a medo, porque cada palavra nossa suscitava a tumultuosa continuação de novas explicações, apresentações etc. Aquele homem conhcia literatura, arte, história, política e tudo e tudo, para além da comida ( que aliás era excelente ) que nos punha na mesa ! ! ! Saímos bem almoçados, sim, mas sem vontade de voltar... Que pena ! O restaurante não tinha outros clientes senão nós. Seria já por isso ? Aquele homem está afogado em solidão certamente...
Mas para ele é que o silêncio seria de ouro, se tivessemos tido oportunidade de lho dizer...

24 janeiro 2010

As Palavras

São como um cristal
as palavras.
Algumas,um punhal.
um incêndio.
Outras, orvalho apenas.

Secretas vêm, cheias de memória.
Inseguras navegam:
barcos ou beijos,
as águas estremecem.

Desamparadas, inocentes,
leves,
tecidas são de luz
e são a noite.
E mesmo pálidas
verdes paraísos lembram ainda.

Quem as ouve? Quem
as recolhe, assim,
cruéis, desfeitas,
em suas conchas puras ?
EUGÉNIO DE ANDRADE - As Palavras

Hoje é realmente o dia de meditarmos sobre a força, o poder, o alcance das palavras. A LITURGIA trouxe-nos a reconstituição do primeiro dia em que o povo ouve "as palavras da Lei" lidas em grande pompa e ouvidas com lágrimas em Jerusalém reconstruida e é também o dia em que São Lucas narra a primeira apresentação de si mesmo feita por Jesus como emissário comunicador da "palavra" de Deus,na sinagoga de Nazaré.
Há ainda a lembrar que hoje é para os jornalistas em particular e até para os escritores em geral, o dia de parar um pouco a pensar em São Francisco de Sales, um seu patrono tão simpático, tão sabedor, tão amigo de escrever e ensinar cuja memória é guardada nos Colégios Salesianos...
Todas juntas andam pelo dia de hoje AS PALAVRAS, como dizia o poeta, desamparadas, inocentes, leves, mas a lembrar-nos a força suficiente que têm para vencer séculos de mensagens que, como sabemos, tanta vez chegam para abalar todo o Mundo !...

20 janeiro 2010

Haiti

Eu até nem queria escrever . Porque me ultrapassa em muito: em grandeza, em crueza, em espanto...O Haiti ! O Mundo. O Ser Humano. A Terra.
Que é tudo isto? Vejo-os, como vermes a rastejarem sobre escombros, a esgueirarem-se entre frinchas, buracos, lixos,valetas...Farejados por cães ou por malandros...Inertes mas ainda vivos... Vivos mas soterrados até nos próprios gritos...E os olhos enormes das crianças, imensos, águas paradas, glaucas, sem entenderem...Uns olhos como nunca vi, a olharem como nunca olharam...
E pairam, sobrevoam, ávidas, todas as camaras de todos os que não são dali, mas querem ver, saber de longe como se estivessem lá... Como se estivessem lá... E o que será estar lá? Com o corpo e tudo a doer, pelo calor, pelo cheiro de náusea, pela ausência de TUDO menos do quase escândalo de se sentir corpo vivo ? É generoso ESTAR ali ? Será ? Será mesmo com o que nos resta de AMOR pelo OUTRO ,neste planeta que nos cospe, nos repele, será mesmo amor ou será apenas CUMPRIR ? Tudo tão estremado agora, com a Terra a tremer mais e ainda, como ver claro entre o que é de fazer fé e o que é esvaír-se tudo para um futuro que,a haver, será estropiado de corpo e alma?

17 janeiro 2010

...não têm vinho...

Mulher, o que temos nós com isso? Ainda não chegou a minha hora...
Sempre foi uma coisa que me chocou, desde os princípios da catequese, ouvir Jesus dirigir-se a sua Mãe dizendo "mulher". Eu nunca me dirigiria assim à minha Mãe, nem tão pouco qualquer outra pessoa que eu conheça ou tenha conhecido.Esta situação surgida no Evangelho de hoje,sobre"As bodas de Caná " veio dar-me pretexto para mais uma vez destacar a razoabilidade de muitas das nossas estranhezas perante determinados sucessos , palavras e frases que, no mínimo, nos espantam, quando não nos chocam ou até nos desnorteiam. Dizia eu, destacar a razoabilidade... Pois !É que estamos constantemente a esquecer a distância de quase 3000 anos que separa a nossa "apurada" civilização e sua civilidade daquela que nós fomos "fabricando" até agora.Como seriam
antipodamente diferentes as relações marido/mulher, pais/filhos, crentes/não crentes, etc., etc.! Mas hoje Jesus fala a sua Mãe daquela maneira como iniciei esta meditação, porque,no cumprimento da sua vida pública, é com ela convidado para uma festa de casamento e nessa festa dá.se a falha de faltar o vinho e é Maria que vem até ele como a pedir-lhe que dê remédio á situação ( Ela lá sabia porque o fazia...) , Vejamos agora os símbolos e deixemos o estilo elocutório. Ensinaram-me uma coisa junto com o enorme respeito por Jesus : é que Jesus não era um prestidigitador. Por isso nunca iria transformar a água das velhas bilhas em vinho nenhum.Simbolizavam as velhas talhas "vazias" a ausência de FÉ, a ausência de DEUS e, depois de alguns escolhidos terem feito como lhes disse Maria fazei o que ELE vos disser,começaram então aqueles que eram convidados a poder saborear "o melhor vinho", o Amor de Deus, o carinho do Espírito Santo, a presença de Jesus real mente a seu lado. Ainda hoje somos "convidados" em muitas Bodas de Caná que há por aí sem VINHO ... Em cada vez mais bodas, cada vez com mais talhas velhas e vazias...

12 janeiro 2010

Fair - play

Porque hoje tive tempo livre de outras obrigações, resolvi, dar uma volta pelo meu blog, digamos que em jeito de vamos lá ver se isto vai correspondendo ao que eu quero... E então vi "claramente visto" o nunca premeditado pendor religioso a que sou levada creio que por quase só escrever aos domingos e depois da missa. Já uma amiga me procurou carregada de teorias, teses e premonições, pensando ter descoberto razões para tal facto, mas só conseguiu com isso preocupar-me e encher-me de dúvidas... É certo que não tenho passado uma das melhores possíveis fases de saúde física e psicológica ( qual delas é consequência de qual ?), é certo que as habituais tarefas natalícias este ano me cansaram mais, mostrando a mim própria que já não chego onde chegava, é certo que a intempérie e a cor do céu não ajudaram nada a rasgos de alegria, é certo, parece-me, que perdi um bocadinho o fair-play para este jogo com o envelhecer... Talvez seja tudo isto que acaba por ir tecendo uma certa carência de espiritualidade e uma consequente menor tolerância para as banalidades quotidianas.Somos nós que escolhemos a direcção a seguir ou é uma deriva perfeitamente espontânea e natural ? Foi para recolher melhor informação que hoje vim fazer este reconhecimento . Acabara de sair uma aluna que recebe duas horas seguidas de lição sem uma quebra de alegria ou mostra de cansaço. É tão bem disposta e enche-me a casa de uma tal quantidade de valores positivos que me senti encorajada a vir ao encontro do tal vamos lá a ver...Uma pequena recuperação do fair-play necessário também para isto de escrever ainda que seja um simples blog.

10 janeiro 2010

Tirar da "prisão" os cativos...

Estamos no tal período em que Lisboa bate o dente com frio, se se levanta cedo, se anda na rua depois das cinco e tal da tarde e se em casa não tem fontes de aquecimento.Já até tem acontecido cairem uns farrapinhos de neve ! Quando eu era aluna da Faculdade, caiu mesmo um bom nevão que permitiu a alunos e alguns Mestres irmos "brincar" com a neve para o Parque Eduardo VII !
Hoje, acabada a missa das dez, começou a organizar-se um temporal com chuva gelada, nuvens pesadas e vento de rajadas e assobios, coisa que ninguém esperava depois da grande manhã primaveril do dia de ontem...É esta a despedida do tempo de Natal. Definitiva, para este 2009/2010.
Todos os textos da liturgia são hoje dedicados ao baptismo de Jesus nas águas do Jordão. Quantos de nós não vimos já em filmes óptimos a cena majestosa na sua humildade,daquele quase gigante João Baptista a fazer entrar na água a dócil figura de Jesus perante o olhar meio espantado, meio temeroso de uma pequena multidão de recém ou pré baptisados também ? E aqueles sinais de divindade e Amor de Deus, traduzidos conforme a sensibilidade do cineasta ?
Pois é aí , é nesse justo momento que podemos dizer que se apresenta "oficialmente" Jesus. É o início do que se chama a sua vida pública.
Figura humilde e obscura na sociedade em que estava inserido pela sua pertença familiar, se exceptuarmos uns pequenos episódios como a simbólica visita dos magos ou a convivência do menino com os doutores, no templo, nada, na quotidiana vida simples de Jesus o tornava sobresaliente no meio em que foi vivendo e crescendo, como Homem. Pois é então pelo Baptismo que celebramos hoje que ELE é investido na sua extraordinária Missão de abrir os olhos aos cegos e libertar...os que habitam nas trevas...
Vai começar um período pré- Pascal que corresponderá aos três anos em que se deu o desenvolvimento galopante dessa tarefa única de Alguém que teve de Deus e Homem a bondade e os sonhos...

03 janeiro 2010

Epifania

Passaram as "festas", isto é, pararam ! O que ainda não parou foi a chuva.

Hoje, Domingo da Epifania, as leituras de Isaías, de S.Paulo ou de São Mateus levam-nos para uma atmosfera de júbilo por causa da mundialização daquele Menino,digamos que oficializada pela visita dos representantes do mundo conhecido então. Os três Reis Magos, cada um sua parcela desse mundo, não são hoje particularmente celebrados, mas sim o reconhecimento oficial de que era aquele o alvo das suas homenagens,àquele a quem vinham oferecer,de joelhos, as riquezas simbólicas das suas regiões, porque como Rei o reconheciam e aceitavam. Tão bonito ! Enche-me de admiração esta vertente meia oriental de ser possível, através de símbolos e metáforas riquíssimos, construir uma História quase ingénua de acontecimentos tão extraordinariamente importantes e difíceis de explicar... E assim me encontrei beatificamente em paz, respirando fundo pela libertação das "festas" que, na sua tradução social acabam por tanto nos cansarem e, como Baltazar, Melchior e Gaspar, voltei por um outro caminho para não abrir mão da beleza do MEU Natal...

01 janeiro 2010

Primeiro dia de 2010

...do Ano-Novo espero as alvoradas
de manhãs que até hoje esperei em vão...

De um poema que escrevi há mais de cinquenta anos retiro ainda esta realidade que não seria de esperar pudesse revivê-la.A verdade porém é que podem ser outras as manhãs, mas eu continuo a ser a mesma !