31 outubro 2009

31 de Outubro


Ardeu
como uma dor
o sol,
de todo o dia...
quem diria
que dói
com tanto ardor,
quando somente foi
parte da nossa vida
que partia ?...

28 outubro 2009

26 de Outubro


Não era justo que deixasse de registar as alegrias. Sós. Simples e estremes. Pois elas existem e inundam-nos a alma surpreendentemente, assim como um clarão de relâmpago,mas duradouro, não fugidío...
Lusco-fusco de primeiras horas do dia de aniversário. Abro a janela de par em par, porque não faz frio e ainda não há barulho. E eis que me vejo, que me sinto, envolvida por uma nuvem que descera suavemente sobre a minha casa. a minha rua, a minha cidade.afofando, envolvendo devagar, como eu já uma vez contei que experimentara,há anos à beira-mar. Foi tão reconfortante este abraço, que chorei de felicidade. Por vezes tem-se direito a ser místico ou talvez só poeta...Senti-me abraçada pelas lembranças, senti aquelas manifestações de carinhos de que fiquei privada há tantos anos... Pareceu-me, sim, que se
debruçavam sobre mim de dentro daquele nevoeiro todas as ternuras terrenas já perdidas, vindas não sei de onde...
...Não conseguirei explicar-me melhor...
Entretanto, cresceu a manhã.Como nos contos de fadas, quebrou-se o encanto.
A verdade é que passei um dia feliz, acompanhada de boas amizades e com a alma muito mais leve do que o meu corpo que os anos todos vividos vão carregando mais e mais...E quando acabei ficando de novo só, lembrei-me de um daqueles encantadores poetas japoneses cuja simbologia e poder de síntese eu tanto aprecio, que reza assim:
Le papillon est vieux
mais son âme sur les chrysanthèmes
folâtre...
tradução de G.Renondeau

25 outubro 2009

O cego,`a beira da estrada

É claro que quem escreve e publica tem que ter a noção de que está a usar uma arma que atira para um alvo não necessariamente previsto por si. Por isso eu não acredito em quem diz que escreve para seu próprio e único gosto ou apenas para desabafar... Se fosse só isso, então para quê PUBLICAR?
Isto vem-me ainda trazido à minha indignação pelos impropérios que a raiva do velho Saramago o levou a publicar. Porque ao debruçar-me sobre as leituras da liturgia de hoje, não consegui libertar o meu pensamento daquela incómoda memória e me entristeceu pensar por quanto tempo isto perdurará...
O cego que à beira da estrada gritou quanto podia e contra toda a conveniência que o mandava calar,pedindo a misericórdia de Deus através da amorosa comiseração de Jesus, é, para mim, das figuras mais pungentes de toda a imagética dos evangelhos . Sou eu, são os que só por um acaso destes podem encontrar-se com Deus e falar~lhe não só do que sofrem, mas de como O esperam , confiadamente, longamente...É o nosso grito, por aí a ecoar nas beiras de estrada deste nosso mundo AGORA...
Para os que não entendem isto, espero bem que haja outras estradas.

25deOutubro de 1147

Não posso deixar passar o aniversário desta LISBOA que eu amo sem lhe vir dar parabéns ! Foi tempo, não me lembro quanto de menina eu era, ou mesmo já de rapariga, neste dia era feriado na cidade. Como ela cresceu e como se manteve bonita ! Há por aí algumas rugas de obras a fazer-se ou de obras a deverem ser feitas... mas o TEJO e ela, ELA e o Tejo, constroem todos os dias a maravilha das cores, das luzes, dos perfumes e das requebradas curvas de compridíssima beira-de-água... Esta LISBOA que sempre amarei, enquanto puder amar...

22 outubro 2009

Que pena !Saramago.

Aconteceu-me que fui educada numa família onde era pedra basilar o respeito de um por cada um dos outros. Apesar de ainda se estar no início de uma curva ascendente no que dizia respeito à educação das meninas e à sua preparação para seres independentes e autónomos, eu tive a sorte de ter sido apanhada pela total adesão dos meus Pais a essa moderna forma de educar. E assim aprendi muito nova a real, verdadeira e respeitável forma de ser do outro, sabendo também, no formato regras de boa educação ,que não se agrediam verbalmente as pessoas, pois, ofendendo-as, coartaria a sua´própria liberdade de serem como eram.NUNCA se mostrou oportuno aos meus Pais, por exemplo, trocarem comigo comentários sobre a bondade profissional dos meus professores. No entanto eles iam aos meus colégios amiudadas vezes, justamente para falarem com os professores. Nesse tempo ainda nem se sonhava com comissões de Pais...E, no seguimento de uma tal formação, cresci, trabalhei, relacionei-me com todo o tipo de seres humanos e procurei cultivar-me, na consequência lógica das minhas profissões cívicas e de Fé. Examinando com cuidado, (e indo tão fundo quanto a minha auto-crítica permite) ,os meus relacionamentos ao longo da vida, sei com absoluta segurança que nunca invectivei ninguém, nem tão pouco procurei captivar pessoas, sobre e para as minhas convicções,sejam elas políticas ou religiosas.Também é verdade que nunca permiti, até hoje, que alguém o fizesse em frente a frente com a minha pessoa.
Mas estou a dizer "em frente a frente", porque só o acto de vivermos no meio dos Homens e do Mundo nos coloca na posição de alvos mais ou menos fáceis das agressões ideológicas, morais e religiosas daquelas pessoas que não foram educadas como eu fui.Quer pela ironia mais ou menos elegante, quer pela grosseria mascarada de "franquesa", quer pela inveja que em tudo vê hipocrisia, somos atacados quando e como menos esperamos, enquanto pertenças de um determinado grupo social que o "atacante" tenha escolhido. Claro que nem ele sabe de mim e quase sempre eu sei dele, porque estas atitudes que ás vezes são de um certo proselitismo vêm quase sempre até nós, humildes anónimos, da parte de quem, de dentro de uma galeria de nomes tornados públicos, se considera, por isso mesmo , com direito de o fazer.
Aconteceu tudo isto com o velho Saramago. Que pena ! Sofre por muitas vias ,tendo uma delas que ver com a Fé dos outros que ele não tem.
Na nossa literatura,há exemplos de grandes ateus, anti-clericais eagnósticos que se arrependeram tarde, de assim terem sido. e o disseram das formas mais sinceras.. Guerra Junqueiro chegou a pedir, na hora da morte ,que lhe trouxessem o Padre Cruz...
Que virá a acontecer com Saramago ?

18 outubro 2009

Os filhos de Zebedeu

Hoje saí da missa a pensar nos filhos de Zebedeu. Tiago e João entenderam fazer aquilo a que nós hoje chamamos meter uma cunha para conseguirem uma posição de privilégio quando Jesus estivesse enfim aureolado de glória.Este "ataque" directo aparece no entanto no Evangelho de São Mateus ainda mais empenhado, porque ,enquanto São Marcos põe os dois rapazes a fazerem o seu próprio pedido directo e com o peito aberto ,em São Mateus é a mãe deles que vem prostrar-se em frente de Jesus e com isto reforçar a pressão com que pretende interpelá-lo para conseguir a satisfação da sua ambição.Porque de ambição se trata, obviamente, esta ansiedade para conseguir privilégios em desfavor de outros, tanto de pais por filhos, como de cada indivíduo por si próprio. Como mais de mil vezes tenho dito, acho simplesmente admirável que a passagem de todas as vicissitudes de mais de dois mil anos não tenha modificado nada na idiossincrasia do ser humano. A cada passo. na leitura dos vários livros da Bíblia, nos estamos a encontrar ou com nós mesmos ou com os nossos vizinhos, amigos ou conhecidos.E com situações sociais, familiares ou políticas que vivemos ou a que assistimos. E no entanto, quanta luta, quanto esforço...e quanta presunção no nosso devir, desde que perdemos o Paraíso !
Que relação então devemos considerar entre o nosso actual e esse incomensurável déjà vu ?

17 outubro 2009

Tanta vida !

Neste mesmo dia, em 1978,saía do fumo branco um novo papa de nome Karol Wojtyla, polaco e sofredor e perseverante, com uma história de vida deveras impressionante, por causa da crueza da 2ª Guerra Mundial e da força estoica com que suportou todos os sofrimentos morais e físicos e ainda conseguiu trazer para nós todos, mensagens de esperança e alegrias possíveis...Se não é desta massa que se fazem os Santos, será só porque alguma coisa se perdeu da receita...

Porém como o nosso mundo está vivendo cada vez de mais celebrações de datas do que de obras que o vinculem a essas datas na actualidade. hoje falou-se mais do que é costume na Erradicação da Pobreza, frisando-se que é hoje o DIA de o fazer. E há festas e palestras e programas a mostrar os desesperadamente pobres àqueles que são ainda só pobres, sem desepero( ainda) Conheço alguém que está preparando uma tese de doutoramento sobre este tema... Contribuo com donativos sempre ridículos para organizações que conseguem dar um casaco ou um pão a alguns pobresinhos que protegem... E que mais? Onde estão Madres Teresas de Calcutá agora ? E os governos dos povos que percebam que esta pode ser a subterrânea ruina do mundo que nós tanto queremos considerar civilizado, onde estão? ASSOBIANDO PARA O LADO,como usa dizer~se, depois deste belo DIA DE...,como é costume.

Mas também hoje foi dia de acontecer uma coisa muito bonita : festejaram-se os 100 ANOS do Liceu Camões. Ainda está escrito lá na fachada LYCEU.
Esta designação daqela escola que daria uma instrução e educação integradas aos alunos juvenis. foi substituida pela simples ESCOLA ,creio que com preocupações de mais democraticidade, mas quando, como eu, se foi criado a achar que passar da escola para o Liceu era como quando os primeiros astronautas disseram ao pisar a LUA « um grande passo para...» sermos mais "crescidos", a ideia de não usarmos hoje o nome Liceu traz-nos uma certa saudade. E assim foi uma alegria deste dia ver festejar o idoso Liceu. Eu nunca o frequentei, porque havia então a separação "meninas" para uns liceus,"rapazes" para outros, mas fiz lá exames, mais tarde, e vários colegas professores, tantos, tantos amigos, lá se formaram para a Faculdade e dali para a vida ! Haverá certamente algumas gerações de portugueses, de bons portugueses ,a caberem dentro destes cem anos e com muitas deliciosas recordações do que ali foi por elas vivido... E transbordou para uma MEMÓRIA nacional de que nos orgulhamos.

14 outubro 2009

o outono roubado

Numa altura da escala das Estações em que já todos praguejamos contra este verão que nos está a roubar o outono, em que os imediatistas dão entrevistas na praia a dizer que agora é que é bom, pela quentura das ondas, pelo despovoado das areias, pela ardência do sol ainda, fica-se a pensar se somos nós que somos mal-dispostos e razinzas, ou se alguma coisa ou alguém andou mesmo mexendo no nosso clima, parafraseando aquele cómico brasileiro que, ao sentir-se roubado, desconfiava de que alguém teria mexido no seu bolso. Mas estamos secos,como os campos, trazemos a alma engelhada, o corpo lento. cansado...
E suportámos as tensões de todas as picuinhas de duas campanhas eleitorais quase pegadas que não tiveram alegria nem força para nos alegrarem, quaisquer que tenham sido os prazeres dos resultados... E eu, azeda com tudo isto, sou convidada para ir ver um Pirandello que veio mesmo para a cena lisboeta numa época assim ! Ainda se usa a tragédia (digo eu ) do absurdo. Secos, como já disse, só nos faltava sermos outra vez chamados a sofrer o abandono do nosso autor, a nossa incapacidade de assumirmos os defeitos de fabrico que nos calharam em sorte, a nossa pre-condenação a aguentarmo-nos com eles...
Contudo, sei com toda a certeza que, se àmanhã acordar e estiver a chover, a minha vida ainda tem recursos para me deixar embriagar de novo...

11 outubro 2009

Reflexões sobre as leituras da liturgia de ontem

Para mim, a leitura mais marcante das três da liturgia deste domingo, foi a extraída do Livro da Sabedoria que, depois do do Génesis, é o que mais me apaixona.Que tenha sido ou não obra do grande Salomão, o que se me torna relevante é que é obra de um enorme bom senso e de alguém que hoje poderia ser Mestre dos Mestres em qualquer Faculdade de Psicologia. É que, verdadeiramente a palavra sabedoria não tem aqui o valor semântico que nos habituámos a atribuir-lhe. Não é uma acumulação de saber, mas antes uma espécie de arte de ser sensato, uma receita para entender aVERDADE da Vida, o que dela vale a pena. Acumulação. só talvez a da EXPERIÊNCIA.E assim, quando São Paulo diz na sua carta aos hebreus que a palavra de Deus é capaz de penetrar "onde se dividem o corpo e o espírito" e de "distinguir as intenções , dos pensamentos do coração" não é de outra coisa que fala, senão da Sabedoria divina de que Salomão terá recebido a inspiração. Mas depois de tanta sabedoria e bom senso, surge-nos no Evangelho de São MARCOS,aquela frase extraordinária de Jesus, que tanto tem dado que pensar a tanta gente, sobre como é difícil passar um camelo pelo buraco de uma agulha. Felizmente para mim, já me foi explicada mais esta metáfora:nem o camelo é o animal que conhecemos, nem o buraco da agulha é aquilo que pensamos. Certo,certo é não se poder forçar a entrada de qualquer coisa desproporcionadamente grande

num espaço desproporcionadamente pequeno, o que seria uma insensatez...E Jesus queria mesmo que todos entendêssemos que, carregados de supérfluidades estaríamos desproporcionadamente grandes para caber no despojamento do reino de Deus...

A propósito de tudo isto, enviei ontem mesmo a alguns amigos o seguinte tema de meditação

Eu pedi forças...
e Deus deu-me dificuldades para me fazer forte.
Eu pedi sabedoria...
e Deus deu-me problemas para resolver.

Eu pedi prosperidade...
E Deus deu-me cérebro e músculos para trabalhar.

Eu pedi coragem...
E Deus deu-me obstáculos para superar.
Eu pedi amor...
e Deus deu-me pessoas com problemas para ajudar.

Eu pedi favores...
E Deus deu-me oportunidades.
Eu não recebi nada do que pedira ,
Mas recebi tudo de que precisava...

Sem que o tivesse percebido antes...

05 outubro 2009

Comemorar o Dia do Professor no dia da República

Estou sempre a admirar-me com as minhas ignorâncias de factos que, de repente, me surgem como do domínio público e eu, cá enleada nas minhas coisas, nem dei por eles, nunca. Com que então, o dia 5 de Outubro que toda a minha vida conheci votado a celebrar o desaguar de toda aquela torrente política que tumultuou por todo o começo do nosso século XX e se chamou REPÚBLICA precisamente a partir deste dia, aparece-me agora nada mais, nada menos, do que Dia do Professor !?! O MEU dia ! ! !O DIA de todos os meus queridos professores ( não sei ao certo quantos ), dos quais só de muito poucos deixei que se esfumasse a memória, não porque não tivesse gostado deles, mas porque naturalmente as grandes afinidades com uns e as grandes amizades com outros foram gravando-se sempre mais nítidas na minha saudosa recordação,empalidecendo a daqueles outros que aliás nunca esqueci. Ainda O DIA de todos os meus colegas e companheiros que, como eu, se devem ter afeiçoado tanto ao que fizeram por tantas e tantas gerações de miúdos que hoje só devem ter coração no lugar da lembrança deles... O NOSSO DIA, pois. Há por aí agora uma enorme carga política porque se intrometeu na nossa maravilhosa missão de FORMAR a arreliadora necessidade de lutar pela vida, uma luta que os tempos foram tornando tão exigente como a outra, de formar gente grande.O mundo de hoje do professor tornou-se cheio de curvas, esquinas e derivas. Até concebe a palavra perigo. Bem diferente daquele em que tinhamos tempo e matéria para podermos ter sonhos, sem estremecimentos que não incorporassem o ensino ou a aprendizagem.
Por isso quero muito celebrar este dia de. Posso garantir que é, que será sempre uma glória, a nossa galeria de recordações !

04 outubro 2009

No Génesis, a Família

Sendo óbvio que a leitura e releitura dos textos bíblicos, repetidos um sem número de vezes ao longo das nossas vidas,nos traz coisas novas em cada uma delas, aí residindo o mistério da sua credibilidade como palavra de Deus, é também evidente que o nosso estado de espírito ou as circunstãncias de momento nos levam a sermos mais ou menos sensíveis a um ou outro aspecto que nelas reside e se nos torna, de cada vez, com maior ou menor peso proposto á nossa meditação. O belíssimo LIVRO DO GÉNESIS de que hoje foi retirada uma leitura, ao ser acompanhado com o SALMO127(128) e com a conhecida passagem do Evangelho de São Marcos em que os fariseus, conhecedores da posição tomada por Moisés,quiseram mais uma vez "experimentar" Jesus sobre a possibilidade do divórcio no casal, foi, na missa de hoje, direccionado para a exaltação da FAMÍLIA e recordo de como já olhei neste mesmo livro o aspecto da Solidão- disse o Senhor Deus:não convém que o Homem esteja só...
Mas hoje, que as tensões e intenções sociais estão cada vez mais desprestigiando esta complementaridade - osso do meu osso e carne da minha carne - vejo mais nitidamente aquele quadro do Salmo que vê a Mulher como "vinha fecunda" no seio da "casa" e "os filhos como rebentos de oliveira em redor da...mesa" e creio que o Senhor Deus não falaria à toa quando afirmou: o Homem deixará pai e mãe para se unir à sua Mulher e os dois passarão a ser um só.
Visões paradisíacas, ser-me-á apontado por alguns que eu sei... Estamos na época do liberal, do individual, e o núcleo família quanto mais desmultiplicado mais interesses ocasiona. E paradoxalmente nunca se falou tanto em solidariedade...

01 outubro 2009

Outubro e a Música

De la musique avant toute chose ! Chamar a música, música...Um grande poeta simbolista da 2ª metade do século XIX, um poema/letra de canção, da autoria de uma poetisa portuguesa, e eu sem palavras que me cheguem para dizer de quanto alcança o meu amor pela música, de quão fundo ela ecoa na minha sensibilidade, de como ela enche a minha taça, quando aparece a infiltrar-se nos interstícios das maiores amarguras, de com que novas cores ela consegue amenizar as minhas paisagens mais sombrias...a MINHA música...
E é também este mês de Outubro que começa hoje...pelas aveludadas tardes que nos traz ,pelas suas manhãs, como foi a de hoje, baças, quase nevoeirentas, ainda mornas, pelo amarelado das folhas que espalha já pelos chãos, por todas estas coisas mansas, é ele assim , suave e pleno, a música, a sinfonia que eu componho dia a dia, hora a hora, desde que sou gente.Todo ele é o meu DIA da MÚSICA...avant toute chose.