21 abril 2011

Quinta-feira da Semana Maior

Era uma devoção, não sei se um preceito, mas surgiu hoje na minha memória com uma doce e triste sensação de saudade : neste dia de quinta-feira santa costumava ir com a minha Mãe fazer o que se chamava "visita" a sete igrejas que, embora já prontas para a celebração da ÚLTIMA CEIA, estavam de portas abertas para receber estas visitas dos fiéis. Cresci e não me apercebi de quando é que essa prática começou a ser abandonada. Nunca mais ouvi que isso se fizesse em alguma parte. E, perdida a recordação, também foi perdido o interesse por procurar saber a razão daquele costume. Era também um acto social em que as pessoas se encontravam e lembro-me das pequenas conversas já fora da igreja, claro, tal como hoje à saída das missas.
Passado que foi o tempo da introdução nos actos de culto, pela mão dos pais, sucederam-se-me tantos anos de altos e baixos na minha relação com o DEUS da minha iniciação cristã !
Mas uma Fé mais adulta, posso dizê-lo, foi-se sedimentando, graças a muitíssimos e de várias naturezas , os tipos de"ingredientes" de onde também não ficou de fora o estudo e o querer saber...Por tudo isto, estando atenta, acabo muitas vezes por encontrar, quando menos espero, mais um tijolo para este meu edifício sempre em construção...
Hoje, no jornal que leio habitualmente, um jurista ( Pedro Lomba ) falou-nos de forma quase técnica sobre o "processo" de Jesus, pondo o enfoque principal nos esforços feitos por todos os que nele entraram para incriminar aquele que na verdade apenas queria que compreendessem que o "mundo" dele era outro, não tendo conseguido nunca ser compreendido. E de tal maneira essa dificuldade é a pedra base de todo este drama revivido agora por nós cristãos, que o jurista só pode concluir ( e nós com ele ) que «a nossa relação com o processo de Jesus é e continua a ser, em grande medida, a relação de quem não compreende» E nesta perplexidade cada vez desejamos mais esse outro Mundo, desencantados com o que temos e entendemos...

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