17 abril 2011

Domingo de Ramos


Quando em Jerusalém o povo, na rua, cantava louvores, dansava, gritava e agitava ramos de palmeira para festejar a chegada de Jesus que assumidamente subira à cidade montado num burrico e rodeado de discípulos, a alegria geral era tão esfusiante que irritou os fariseus e aqueles que o podiam fazer ordenaram a Jesus que fizesse parar e calar todo aquele alvoroço. E qual foi a resposta de Jesus? Se eu os mandasse calar, estas pedras falariam por eles...

Precipitou-se depois deste dia toda a quase inacreditável tragédia que levou Jesus à morte sem julgamento e por imposição dos testemunhos daquela mesma multidão que antes o havia gloriado. Não se ouviu mais falar em cantos e danças durante muito tempo, mas creio bem que as tais pedras guardaram em si sonoridades daqueles laudes de um dia e, logo que foi possível ,repercutiram em música esses antiquíssimos ecos. Desde imemoráveis épocas monacais os cãnticos acompanharam a liturgia e estimularam as sensibilidades dos fiéis. Por isso eu descubro encantada que um programa religioso da net dos nossos dia-a-dias pensou em convidar uma maestrina portuguesa para nos trazer Bach, Haendel e Stravinsky como fundos musicais das nossas orações de agora e que, coincidência ou não, se cria `na cidade, neste tempo de particular meditação religiosa cristã, um laico e popular conjunto de concertos a que se dá o nome de Dias da Música, onde, numa didática de difusão de géneros, se dá possibilidade a todas as associações de sensibilidades conformes ou não com a espiritualidade de cada um de nós. Portanto, eu creio firmemente que as pedras ficaram mesmo a desempenhar a incumbência que lhes atribuiu Jesus naquele Dia de Ramos e falam-nos á sua maneira, numa linguagem espiritual ,principalmente quando há quem deseje que nos calemos...

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