Desde que entrei neste mundo da criação na net a que damos nomes como blogosfera ou seus sinónimos, sempre me moveu o desejo de ganhar interlocutores com os quais se fosse constituindo um espaço de intercomunicação inteligente, interessante, com mais ou menos originalidade e porque não? até com abertura para algumas trocas de conhecimentos ou saberes e de conceitos ou opiniões. Bem. As coisas raramente são como as pensamos e o mais curioso é que qualquer projecto nos foge subitamente das mãos, ganha vida própria e fica"uma coisa" que não é o que nós imagináramos.Que fazer?Há que voltar costas ao novo caminho que se nos abre ou prosseguir aguardando que uma outra inflexão surja também? Estava eu nestas inquietações quando me surge um poeta-aprendiz a, justamente, desejar, de uma forma muito inovadora, criar laços ,creio que de informação, com aquilo que apreendeu do que aqui tem lido. Na sua enorme ambição de ser poeta percebo os fundamentos de todas as iniciativas em que se envolverá... Resolvi,assim, à maneira de conselho, colocar aqui o que escrevi uma vez para circunstâncias quase semelhantes.
Fazer um poema
não é só senti-lo
nem escrevê-lo...
Não é aquilo que pensam
de dizer-se o que nos vai por dentro,
de guardar no papel
um segredo,
se nos falta a coragem pra dizê-lo...
Nem tão pouco é vontade de exibir-se.
na esperança de que alguém,
lendo-o,diga sentir-se
como nosso irmão,
tal a capacidade de comunicação !...
Não ! Fazer um poema
pode até ser "mea culpa"
de muita convulsão de sentimentos
e alguns arrependimentos...
Mas o que é sempre, sim,
é uma imensa volúpia
de agarrar as palavras
e domá-las,
recriá-las,
desdobrá-las,
pô-las contra a parede,
ali ! À prova,
de terem, sim ou não,
força bastante.
música,
mansidão,
rigor ou colorido,
para dizerem só e justamente
aquilo que é de nós parte integrante
sem probabilidades
de outro sentido...
Depois de tudo isto que foi dito,
mística e transcendente,
é a mão que obedece docilmente
no gesto que desliza no papel...
Nasce o poema
e é escrito
misteriosamente...
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