08 agosto 2007

Uma data,uma memória

Dos amigos que fomos perdendo ficaram-nos sempre alguns instantes,quase sempre fugazes, que temos a sensação de ter roubado da esteira das suas vidas e que adquiriram para nós o valor de um pequeno tesouro que, de maneira quase avarenta, vamos revisitando, recontando, para nos certificarmos de que não nos estará faltando alguma peça. Na bolsa das recordações, a morte é sempre uma mais valia ! Como me surpreendo hoje a compreender tão bem e até a corroborar opinões, conceitos e exigências daqueles que, em sua vida, julguei com dureza( ás vezes com raiva) e até combati !... Saudade,gosto amargo de infelizes... como diz o poeta.Não há datas marcadas na nossa forma de ser amigo, ou filho ,ou viuvo, mas as datas,recorrentes, quando vêm ao nosso encontro, põem-nos esse tal gosto amargo,não na boca, mas na alma. É por isso que´são bons os tais instantes roubados, flashes que dão uma luminosidade única à nossa mais tímida recordação...

2 comentários:

Anónimo disse...

...não tenho concerteza a mesma experiência que a tia...
mas acredito que é o conjunto deste retalho de instantes, destes pequenos tesouros que se revisitam, que faz com que aqueles que nos transformaram... ou aqueles que participaram na nossa construção estejam sempre presentes...
querida tia,
um grande beijo
e obrigado pelas suas partilhas
Vera

Joana disse...

"Como me surpreendo hoje a compreender tão bem e até a corroborar opinões, conceitos e exigências daqueles que, em sua vida, julguei com dureza..." Eu também!

Belas e sábias palavras, como sempre! :)

Jinhos.