13 agosto 2007

Baptizado

Não posso, não quero, passar por cima do registo daquilo que foi a coisa mais enternecedora, mais engraçada, e, ao mesmo tempo, mais cansativa de tudo o que podia ter-me acontecido neste mês de Agosto. No dia 11, data marcada com antecedência de meses, foi a baptizar na igreja da minha paróquia do Campo Grande a primeira neta da minha empregada Valentina. Este baptizado foi projectado e programado até ao mais insignificante pormenor pelos pais da criança, emigrados no Luxemburgo, e por toda a família de cá, da parte do pai e da mãe da baptizada; e o espírito da festa foi alastrando como uma onda espraiada por toda uma família em diáspora por essa Europa fora...Claro que,para a "minha" Valentina, era impensável que eu não tomasse parte naquela que foi certamente a festa da vida dela. E eu não tinha olhos , nem sorrisos, nem emoção que bastassem para me maravilhar, naquele dia, com o que pode ser o verdadeiro amor de família, o espírito de comunidade de famílias de sete e onze filhos, todos dispersos, a acorrerem a um toque a reunir emanado de um país distante, porque um deles está feliz e quer que todos partilhem da sua felicidade!A cerimónia na igreja foi seguida com todo o respeito e cumpriram-se todos os actos tradicionais que acompanham a chegada de mais um cristão à casa do PAI.Quando, porém o senhor padre António sugeriu que se festejasse com um bonito coral de "parabéns" e muitas palmas esta chegada da ALÍCIA a mais esta enorme família cristã, foi uma explosão de alegria geral que só deixava prever como a alegria iria reinar daí para a frente. E foi. Nem quero falar na festa-banquete. Tudo o que é especialidade caboverdeana,tudo o que nos vários países onde vivem uns e outros foram aprendendo. tudo o que de Portugal já entrou nas tradições daquele povo, nada faltou.Foi uma orgia gastronómica! Num espaço amplo,cercado de jardins, cerca de trezentos parentes estiveram comendo e bebendo longamente,alegremente, e não vi um único deslize, algum abuso de bebida,alguma perda de compostura. Precisavam certamente de expandir as emoções dos encontros ? Pois foi assim que se entrou na dança e daí para a frente foi soberbo! Só quem já viu o povo caboverdeano dançar as suas próprias músicas,sabe da beleza de um tal espectáculo.A música parece que encarna naqueles corpos elegantíssimos de raparigas e rapazes e há uma mistura de movimentos e sons envolvente, inebriante... A vê-los, acabei por ficar tão cansada como se estivesse no centro daquela espécie de vórtice.Foram emoções a mais para quem, como eu, tem uma rotina serena e quase sem novidades. Mas um dia inesquecível com imensas lições que não podia supor ir ali receber.Estou mais uma vez grata à "minha" Valentina !

1 comentário:

Joana disse...

Parabéns à Valentina (e a si também que soube aproveitar esta magnífica oportunidade da melhor maneira e assim deleitar-nos com as suas impressões) e as maiores felicidades à Alícia!

Jinhos.