13 julho 2006

Quem "faz" um escritor?

Estou já a antever um enorme brouhaha levantado por todos aqueles que vão querer pesar bem cada um das quatro palavras que estão naquela pergunta;e também os quês e os porquês delas ditas por mim...E vou pensar , não em voz alta, mas em voz escrita.
Dos milhares de livros lidos até esta minha idade, faço agora um levantamento. Desde já, deixo à parte todos aqueles que usei para a minha formação,por onde estudei e que foram o alicerce de tudo o que hoje sei.Começaram por entrar na minha vida, ou citados ou aconselhados pelos vários tipos de mestres que fui tendo.A partir de certa altura, eu própria fui sabendo encontrar outros que ou lhes eram relativos, ou consequentes , ou complementares.
Mas os livros de lazer,de prosa ou poesia, como os tive? Como soube deles?
Todos os clássicos que respaldaram a minha formação cultural e literária, podem ser incluidos no grupo dos que atrás referi.
Porém, bem novinha, comecei a ler a Condessa de Ségur e o Júlio Verne que me foram apresentados numa espécie de tradição familiar.A par desses vieram também contos tradicionais e traduções de La Fontaine.
Já mais mulherzinha,eram as amigas do colégio que passavam palavra e, por étapas sucessivas, apareceram várias fontes de encantamento.Lembro um tal Max du Veuzit,capas azuis com letras de azul mais escuro,que hoje reconheço que seria o que agora chamamos literatura light, e que nós todas liamos ás escondidas.Felizmente fui descobrindo coisas melhores. Lá vieram as irmãs Brontë, a Florence Barcklay, a Pearl Buck , o Pierre Lôti, o Stephen Zweig, e muitos depois e de outras maneiras,traduções ou não ,que o meu aprendizado já ia permitndo o prazer que nunca perdi de preferir os originais.
Tudo isto para dizer que só na Faculdade comecei a ouvir falar de EDITORES e de EDIÇÕES.
Por causa dos nossos estudos comparados, por causa das nossas pesquisas. O valor relativo do editor ou da edição reportava-se à maior ou menor fidelidade ao texto original do autor ou à sua verdadeira situação na época ou no espaço.O editor era para nós,talvez,uma espécie de prova testemunhal...
E como tanta coisa mudou ,que nem já Camões saberia como cantar essas mudanças, a minha perplexidade cresce todos os dias, porque todos os dias constato,na leitura de jornais e revistas da especialidade, o aparecimento de novas e múltiplas editoras, sem que isso corresponda a uma mais ampla divulgação de ljvros novos.O editor não é raro , como naqueles tempos,claro...
Mas o editor anuncia-se,em fortíssimas pressões publicitárias, apresenta as suas performances e muita gente,toda a gente, conhece as coordenadas políticas em que se situa.
É assim que estou quase a chegar à razão da minha pergunta inicial.
Como actualmente é enorme toda a espécie de concorrência, como poderá o editor competir com os seus pares se não for pelos melhores trunfos que possa apresentar ? Escolherá os "seus" escritores, segundo critérios comerciais, como é óbvio.E então tratá-los-á como vedetas...
Infelizmente, há muito mais escritores do que estes "escolhidos" que se sentem excluidos, injustiçados . Mas ,como em todos os negócios, às vezes, por um acordo negocial, também outros são aceites para publicação .Mas ...não serão nunca vedetas.
É assim que me acontece às vezes encontrar um livro muito bom,por mero acaso, recentemente publicado mas de um autor de que nunca ouvi falar...
Tenho um desses na minha mão agora.

1 comentário:

Anónimo disse...

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