15 maio 2010

O PAPA

Com a vivência de três dias praticamente colada à televisão, coisa que nunca pensei ser capaz de fazer, consegui, sem o querer, criar uma espécie de sensação de evasão que me fazia, na noite de cada um desses dias, ter dificuldade em voltar à TERRA dos normalíssimos assuntos correntes. Foi com aquela curiosidade e interesse absolutamente normais que liguei o televisor cerca da anunciada hora da chegada do Papa a Lisboa. E depois, mérito da organização que calendarizou, escalonou todas as étapas do programa a cumprir, ou mérito da TV que se entregou toda inteira ao seu Serviço Público de mostrar tudo, como está acostumada a fazer nos jogos de foot-ball de algum gabarito, ou ainda mérito do personagem surpreendente que prendeu em si todas as atenções sem procurar fazê-lo, fiquei de televisor ligado um pouco mais, um pouco mais, um pouco mais... Até dispersarem os milhares de pessoas que estiveram no Terreiro do Paço, até irem para casa os rapazes e raparigas que foram cantar a serenata junto da Nunciatura... Que loucura ! disse para mim mesma, cansada como se tivesse andado por lá. E antes de adormecer pensei longamente sobre aquela sereníssima figura. RATZINGER,o Papa de quem não esperava muito, de quem gostava pouco, toda eu admiração, devoção e saudade de João Paulo II .
Lembrei o filósofo José Gil nas suas dúvidas sobre o humanismo a que nós, portugueses, nos habituámos a recorrer desde há séculos sem nos apercebermos do âmbito muito mais vasto e menos purificador que ele actualmente pode ter adquirido. Ratzinger veio cá dizer-nos que o HOMEM é muito mais complexo e que dessa complexidade há uma grande fatia que o próprio Homem tem menosprezado... Claro que no segundo dia, logo cedo ,lá fui verificar se a TV estava nas mesmas disposições e se se confirmaria o que eu estava a começar a pensar sobre O HOMEM VESTIDO DE BRANCO...E foi todo aquele estrondo de Fátima... Daquilo a que já sabemos chamar -se inteligência emocional brotaram até lágrimas nestes meus olhos que agora correm muito mais atrás do emocional que da inteligência ... Tal como teria acontecido àqueles pescadores dos barquinhos no Douro e a algumas mulheres que as televisões sublinharam ao perfurarem a compacta massa daquela Avenida do Porto. Mas daí até ver sumir-se no sombrio interior do avião aquela figura afinal frágil mas branca,( sempre), não me foi possível deixar de desejar não esquecer mais, com quanta aprendizagem colmatei o que sempre me falta sobre o Mundo e o Homem ...E sobre Deus, no meio deles.

1 comentário:

Joana disse...

Fomos muitos a passar por esse turbilhão de emoções estes quatro dias. A escrita de-vida, aqui. :))))





Jinhos.