22 outubro 2009

Que pena !Saramago.

Aconteceu-me que fui educada numa família onde era pedra basilar o respeito de um por cada um dos outros. Apesar de ainda se estar no início de uma curva ascendente no que dizia respeito à educação das meninas e à sua preparação para seres independentes e autónomos, eu tive a sorte de ter sido apanhada pela total adesão dos meus Pais a essa moderna forma de educar. E assim aprendi muito nova a real, verdadeira e respeitável forma de ser do outro, sabendo também, no formato regras de boa educação ,que não se agrediam verbalmente as pessoas, pois, ofendendo-as, coartaria a sua´própria liberdade de serem como eram.NUNCA se mostrou oportuno aos meus Pais, por exemplo, trocarem comigo comentários sobre a bondade profissional dos meus professores. No entanto eles iam aos meus colégios amiudadas vezes, justamente para falarem com os professores. Nesse tempo ainda nem se sonhava com comissões de Pais...E, no seguimento de uma tal formação, cresci, trabalhei, relacionei-me com todo o tipo de seres humanos e procurei cultivar-me, na consequência lógica das minhas profissões cívicas e de Fé. Examinando com cuidado, (e indo tão fundo quanto a minha auto-crítica permite) ,os meus relacionamentos ao longo da vida, sei com absoluta segurança que nunca invectivei ninguém, nem tão pouco procurei captivar pessoas, sobre e para as minhas convicções,sejam elas políticas ou religiosas.Também é verdade que nunca permiti, até hoje, que alguém o fizesse em frente a frente com a minha pessoa.
Mas estou a dizer "em frente a frente", porque só o acto de vivermos no meio dos Homens e do Mundo nos coloca na posição de alvos mais ou menos fáceis das agressões ideológicas, morais e religiosas daquelas pessoas que não foram educadas como eu fui.Quer pela ironia mais ou menos elegante, quer pela grosseria mascarada de "franquesa", quer pela inveja que em tudo vê hipocrisia, somos atacados quando e como menos esperamos, enquanto pertenças de um determinado grupo social que o "atacante" tenha escolhido. Claro que nem ele sabe de mim e quase sempre eu sei dele, porque estas atitudes que ás vezes são de um certo proselitismo vêm quase sempre até nós, humildes anónimos, da parte de quem, de dentro de uma galeria de nomes tornados públicos, se considera, por isso mesmo , com direito de o fazer.
Aconteceu tudo isto com o velho Saramago. Que pena ! Sofre por muitas vias ,tendo uma delas que ver com a Fé dos outros que ele não tem.
Na nossa literatura,há exemplos de grandes ateus, anti-clericais eagnósticos que se arrependeram tarde, de assim terem sido. e o disseram das formas mais sinceras.. Guerra Junqueiro chegou a pedir, na hora da morte ,que lhe trouxessem o Padre Cruz...
Que virá a acontecer com Saramago ?

1 comentário:

Anónimo disse...

Isso só Deus sabe...
resta-nos confiar na sua Justiça,

fica-nos apenas, mais uma confirmação de que a agressão e o desrespeito é a arma dos fracos...

um beijo
e obrigado pelas suas palavras
V.