22 junho 2008

Os cento e vinte anos de Pessoa

...e então não é que, no fascínio das férias, me encontrei, como em pequena, a situar-me tão longe daquilo que considero trabalho que até perdi o conto aos anos do Fernando Pessoa embora o recordasse no dia de Santo António, nem eu sei bem porquê... Isto que vou escrever é mesmo um mea culpa de professora ( nem sei se de portuguesa ou se de pessoa de LETRAS ) , mas nunca fui admiradora senão da Mensagem de PESSOA. Trabalhei sempre muito cada heterónimo, desde os de sempre até cada um dos que nos têm vindo a aparecer abundantemente...E digo trabalhei porque àquilo a que não me entrego com entusiasmo e até paixão, se acaso tem a forma de um dever ou de uma necessidade, procuro sempre compensá-lo com trabalho, já que não posso abordá-lo de outra forma. Isto explica então que os cento e vinte anos do poeta se tivessem diluido na minha euforia do "não pensar, não lembrar,não rebuscar".
Viessem falar-me sim da revigorante "juventude" do meu CAMÕES de que felizmente se não alhearam os construtores das provas de exame deste final de ano lectivo ! Foi sempre da sua transbordante capacidade de amar o país, as terras, os deuses, as gentes,os mares e as mulheres que recolhi uma lição de resistência, como parte que eu sei que sou neste Mundo.Neste Mundo que ainda não me deu motivos para o tédio desmultiplicador e sempre mais entorpecente de Pessoa...

1 comentário:

Joana disse...

É preciso uma certa dose de coragem - que admiro - para escrever este post. :))) Sabe que fico sempre com a impressão que o gostar-se de pessoa é politicamente correcto, uma espécie de condição sine qua non para se ser bom português ou português inteligente, ou português informado... Gosto de algumas coisas do Pessoa e gosto de tudo o que conheço, mas não conheço tudo, do Camões, e entendo-a. Entendo-a porque eu própria resisto muito sempre à equiparação, nunca percebi bem baseada em quê, do primeiro com o segundo.

Alfacinhices :P que os senhores bem pensantes decidem importar para o ensino e para os manuais escolares.

(Esteja certa de que a escolha recaiu sobre o Camões porque sendo o aniversário do Pessoa essa seria a opção mais óbvia para os meninos e já bastava de alarido à volta do facilitismo dos exames. Teorias minhas...)

Jinhos.