18 outubro 2007

A Palavra

Fazer um poema
não é só escrevê-lo
nem senti-lo.
Não é aquilo que pensam
de dizer-se o que nos vai por dentro,
de guardar no papel
um segredo
se não temos coragem de guardá-lo.

Nem tão pouco é vontade de exibir-se
na esperança de que alguém,
lendo-o, diga sentir-se
como nosso irmão,
tal a capacidade de comunicação !


Não ! Fazer um poema
pode ser mea culpa,
às vezes convulsão de sentimentos
entre alegrias e penas
e alguns arrependimentos...


Mas sempre, sim,principalmente,
uma imensa volúpia
de agarrar as palavras
e domá-las,
desdobrá-las
recriá-las,
pô-las contra a parede
ali , à prova,
de terem, sim ou não,
força bastante,
música,
mansidão,
rigor ou colorido
para dizerem, só e justamente,
aquilo que é de nós parte integrante,
sem probabilidades
de outro sentido...



Mística e transcendente, à palavra
é a mão que obedece docilmente
e o gesto que desliza no papel...


e ,se nasce o poema,
é misteriosamente,
e misteriosamente...

3 comentários:

Joana disse...

... entranha-se em nós, reconhecemos o fervor e deixamo-nos embalar!

;)

Jinhos.

Anónimo disse...

de agarrar as palavras, de domá-las,desdobrá-las ou recriá-las,... que poder...que mistério e que magia... Obrigado por escrever uma poesia VIVA...
Beijo Grande Vera

Anónimo disse...

Obrigado por tornar a PALAVRA VIVA... um beijo Vera