14 junho 2012

PORQUÊ?


No  último post que aqui deixei antes, mas a caminho já de uma decisão de desistência, creio que deixei mais ou menos esboçado o retrato da insegurança. Acabo de confirmar certezas sobre dúvidas que tinha. Muito me tem sido dito em termos, olhares, sorrisos e palavras elogiosas acerca da minha actividade como blogger  e de um modo geral como utilizadora da net para tratar de coisas práticas da vida quotidiana. E esses ditos e atitudes sempre me foram parecendo semelhantes aos que se dizem a um precoce Joãosinho ou a uma desinibida Joaninha que entre os cinco e os seis anos já dizem "bom dia" em inglês ou sabem cantar o Frère Jacques sem  se enganarem... Decididamente uma octogenária não é suposto meter-se nas modernices da electrónica...... e aguentar-se lá ...
Pois tinham razão, sim senhor ! De tanta coisa que ela ultrapassa para "funcionar" na net como quem sabe ! Nem sequer pode comparar-se aos "meninos prodígio", porque esses têm uma vida à frente para aprenderem tudo desde os alicerces, e isso lhes dará a segurança que a velha senhora sente faltar-lhe logo que qualquer pedra ou buraco se lhe atravesse no caminho.
Agora que percebi que a estrada do computador pode estar cheia de surpresas que dificultam as caminhadas, agora que vi "claramente visto" que não tenho conhecimentos para achar soluções e que só numa estrada bem lisa sei caminhar, experimentei  que o amargo da insegurança é a causa de mais uma das fraquezas que a idade me traz e resolvi  travar uma nova luta, uma vez mais, uma vez mais...
Mas porque  terá que ser assim ?
Porque me terá querido pôr à prova o meu velho e querido companheiro  blog ?

1 comentário:

Carlos Alves disse...

Minha boa amiga.
Depois de ler este post não resisti a trazer a público e relembrar a imagem que descrevi já em 2009, aquando da criação da capa do livro "Viver", e que sai reforçada após de todos estes anos favorecido com a sua amizade.

«A senhora sabe que não sou dado a lamechices e menos ainda bajulador, mas é assim que me percebo ser a senhora, o seu modo de estar e - do pouco que li e sei -, a vida que viveu e vive. Por isso, aqui vai:

O QUE EU (CARLOS) IMAGINO:
Há uma muro que é uma vida. Uma muralha que não é a de um castelo, por isso, sem ameias, nem um muro de parcela rural. Uma muralha que não é feita de tijolo, que se esboroa; não é feita de betão, pois implicaria a pré-existência de cofragens, limitadoras, cinzento, onde dificilmente se “agarra” vida; não é de mármores, porque é um material delicado mas escorregadio; ou de outra pedra que não seja granito. Muro de quinta senhorial. Grandes pedras resistentes e salpicadas de tons negro e cinzento, mas de uma predominante candura.
Esta muralha onde os ventos e as chuvas incrustaram a terra, onde se fixaram sementes e a era estendeu raízes e ramos e folhas verdejantes, é plena de vida. Esta muralha que é a vida, sustenta outras vidas. E quando o Sol sobre ele faz incidir os seus raios, bilham os seus feldspatos, os quartzo, e as micas, como se de diamantes se tratassem, e as folhas da era oferecem um verde que projecta esperança segura, não um verde ténue.
Esta muralha não é uma ruína, É um muro cuidado, como o de um jardim.
Esta muralha é a senhora.
Mas, toda esta harmonia, este quadro edílico é interrompido por um grande ponto de interrogação que imerge naquela muralha, que a rasga, Um grande ponto de interrogação que “fura” a muralha, semelhante a um meteorito que nela embateu. Este é um grande “como?” “quando?” “onde?” e “porquê?”na vida da senhora.»

Quem é assim, só por desabafo pode usar a palavra desistir.
Um grande beijinho e coragem