20 agosto 2011

As mudanças e o verão

Parece que se nos foi embora o verão azul, brilhante e soalheiro com que todos sonham, porque, rodando o vento a sudeste, se atiraram sobre a nossa abóboda ,aos montões, rolos de vários tons e espessuras de cinzento e ,tropeçando uns nos outros ,fizeram uma barulheira infernal, antes de,aqui e além, se desmoronarem em chuva grossa, granizada mesmo em alguns lugares. Mas não! Sem marcar a posição hierárquica que lhe é devida, o verão não saía assim, só por umas mudanças de aragens a cheirar a desertos e a orientes... Ele resolveu que agora sim, agora é que era de afogar-nos no tal calor que é tão seu e este ano parecia não haver de vir ! E cá estamos nós, bichos da Terra tão pequenos, sujeitos aos caprichos dos deuses meteorológicos que andam completamente desatinados com as escandalosas sacudidelas a que estão sujeitos eles também pelas intromissões da ciência e das tecnologias todas novas. Mas não dizia já Camões lá da sua cátedra em grande parte empírica que todo o mundo é composto de mudança ?
Bem sei, bem sei que ele tinha aí na sua cabeça outra espécie de mudança. E nós, não temos também a esquentar-nos o verão e sabe-se lá quantas mais estações, motivos da ordem semelhante ou pior àqueles de que Camões dizia que se "perde a confiança"? O verão meteorológico dos portugueses foi realmente para a gente da sociedade comum composto de mudanças,de várias ordens de influências e alguns houve para os quais a mudamça de vida foi real. Lembro ás vezes o Sermão de Padre António Vieira em que ele constatava as mudanças acontecidas no modo de vida da sociedade portuguesa que se instalara no Brasil e naquele seu jeito adagiário de dizer lembrava quem quer mais do que lhe convém. perde o que quer e o que tem, e então eu pergunto a mim mesma se a ganância economicista que tem estado na base deste nosso verão( e não só) terá alguma vez um bom retorno, depois de ter causado tanto mal...

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