07 maio 2011

Acordo ortográfico aliciador

230 milhões de pessoas a falarem uma mesma língua não é coisa de menosprezar. E assim é a massa humana que dá dinamismo a uma língua que até , di-lo Camões ,no Olimpo foi referida pela «Vénus Bela» nos extraordinários tempos em que os deuses discutiam a sorte dos Portugueses e ela defendia que até a língua por eles falada os tornava dignos do seu respeito pois, ao ouvi-la, «com pouca corrupção crê que é a Latina». Com um tal certificado de origem, com a evolução genealógica que vai acontecendo a todos os seres vivos, com as provas incontáveis da honradez não só de quantos a estudaram e certificaram, como do próprio comportamento dela no seu acompanhar dos tempos, ou da História, como é possível que hoje se permita o esfrangalhar de tanto património ?
Vem tudo isto à tona do meu amor que anda a tentar entender e refazer-se do enorme assalto que foi o Acordo assinado com o Brasil,tão marcado já por esta atmosfera economicista em que vivemos e, no dia de anteontem , mais um dos tais "dias de ", faltou-me o gosto, o apetite, para até com os meus alunos tentar celebrar o Dia da Língua Portuguesa.
E não é que, quase caído do céu, vem ter comigo uma certa editora Construir com um livrinho feito a pensar nas crianças, com lindinhas e apropriadas ilustrações chamadoNOVO ACORDO ORTOGRÁFICO! ?...

1 comentário:

Joana disse...

Querida Maria de Lourdes,

É verdade que o Acordo é, na sua essência, político. É verdade que há excepções injustificáveis, uma série de ambiguidades e alguma (muita polémica) em torno da ortografia - isto ficará certamente a dever-se aos inúmeros debates e concessões que todos os países-membros da CPLP tiveram de fazer.

Mas o acordo é ortográfico apenas. A ortografia determina a pronúncia (e vice-versa), mas é independente da cultura. A cultura é superintendida pela linguagem e sobre isso - a nossa síntaxe e semântica lusas-, não versa (e bem) o acordo.

Muitos sucessos para esse novo projecto. :))))))
Jinhos,

Joana.