21 novembro 2010

« Viver todos os dias cansa »

Um jovem escritor de nome Pedro Paixão tem um seu livro a que deu o título Viver todos os dias cansa e , desde que o li, não saberei dizer quantas vezes me encontro a pensar ou a dizer para mim mesma essa frase, assim à maneira de suspiro fundo,daqueles que nos ajudam a aliviar da demasiada pressão que a vida exerce sobre nós em tantas ocasiões !
E,se aqui estou agora mesmo a"suspirar", é porque, não tendo nenhumas obrigações de rua nos últimos dois dias e tendo alunos meus que sujeitar-se a tolerâncias de ponto dos professores de mistura com cortes de transportes a horas chamadas úteis para eles, fiquei eu serenamente livre para poder encharcar-me da televisão que bisbilhotou para mim em cima do acontecimento toda a insistentemente "badalada" Cimeira Nato em Lisboa. Para quê adoptar aquela atitude blasée dos que dizem« o quê ? ver isso? Nem pensar...» impantes da sua superioridade à vulgaridade de se interessarem,1-pela televisão em si mesma, 2- pela ideologia política que de todo o conjunto irradia...? Claro que vi,ouvi, tornei a ver, tornei a ouvir, tanto quanto me deram e por vezes ainda quanto procurei, para comparar pontos de vista dos relatores. Não vem aqui ao teor deste meu blog falar, de minha justiça, sobre a Nato, organização dentro da qual aliás já estive credenciada durante o desempenho das minhas funções profissionais, por alguns anos.Do que sim quero falar é do que chegou até aos nossos écrans de coordenação de acções diversificadíssimas, de horários cumpridos,de trabalho na sombra, nos bastidores, de presenças onde devia havê-las, bem como de ausências onde assim devia ser. Ver a "vera efígie" dos homens da grande política já não nos surpreende, mas vê-los sorrir ou carregar o sobrolho dá-nos muita informação sobre muita coisa, surpreender um pequeno esgar, um subreptício gesto,quando não sentem o peso das cameras, isso sim pode ser interessante.Então, ao fim de dois dias dessa concentração em muitas coisas e todas intrinsecamente diferentes, a par com a obrigatória gestão doméstica nem sempre fácil ou leve, lá me brotou da alma a frase do Pedro Paixão... E o que costuma acontecer-me quando os dias são assim carregados de um viver que me cansa, é deixar para trás, como o barco atira carga ao mar se quer vencer mais algumas ondas tempestuosas, deixar para trás coisas até bonitas de contar...Coisas que arrecado para um dia...
Hoje porém, sendo domingo e dia de CRISTO-REI,último domingo deste Ano C, que nos proporcionou tão edificantes Leituras, especialmente de São Lucas , meu evangelista preferido, não posso deixar para trás toda a carga que me traz ( e o que me cansa,Senhor, pensar nessa carga !) aquela frase do Pai-Nosso : venha a nós o Vosso Reino...

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