28 setembro 2008

Brutalidade

Isto aconteceu e a notícia voou por sobre mares e terras e veio embater no nosso conhecimento e na nossa emotividade tal qual como aqueles insectos grandes que em Cabo Verde vinham de encontro às lâmpadas acesas e se esmagavam no embate, com um estalido especial enquanto a sua massa corporal se espalhava, causando repugnância a todas as pessoas presentes... Assim a notìcia.Foi um ruido, uma repugnância... Uma tragédia, se usarmos agora outro tipo de registo.À morte que não nos aparece pela doença chamamo-la sempre de brutal... Brutalidade é isto de ser possível um amigo matar outro no logro de um desprevenido manuseio de uma arma.
Em presença de tanta calamidade, de tão irremediáveis desgraças, resultantes de tanto desentendimento humano por esse mundo, quantas vezes eu tenho gritado no mais fundo da minha estupefacção "mas porque há armas ? que só estimulam vinganças, desafios,soluções de morte ?"... Agora, depois do que aconteceu, entre amigos, e em paz, creio que perdi as forças para gritar mais e mais alto, como era preciso "porquê armas, para quê ? "Haverá quem o faça alguma vez, no mundo?
O que temos por certo é que nunca vai deixar de haver o desespero com lágrimas ou com olhos enxutos, secos de tanto chorar, daqueles que ficam,depois de tudo passado, com tudo à sua volta agressivamente igual a sempre,
apenas com uma falta. à qual, com o tempo, se irão habituar, como lhes é dito até à exaustão pela massa mais ou menos informe que aparece para a celebração dos cerimoniais de despedida.
Duríssima prova que o viver-se em sociedade exige,são os cerimoniais , em que cada um ,de forma antiquissimamente pré-estabelecida , tem o seu papel a cumprir sob o olhar condoído mas nunca acrítico de cada acompanhante.Claro que são,que eram amigos...Esses todos são, serão reconhecíveis. Mas, na dor dos que ficam, como entendo a ansiosa necessidade de reorganizar as mínimas memórias em solidão ! ! !
É um pouco isso que eu própria estou fazendo aqui e agora. Afinal este foi também, haverá duas dezenas de anos, um daqueles que me habituei a chamar e a sentir como "os meus meninos "...

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