11 janeiro 2011

...das notícias, o crime

Aonde ir buscar todas as palavras simples e despretenciosas que fui deixando cair por não sei onde e que me bastavam para eu dizer tudo o que era o meu mundo despretencioso e simples ?
Cresce o Mundo ao mesmo tempo que nós e perdemos juntos a idade da ínocência ? E por aí se vão perdendo coisas...
Na filosofice deste nosso viver assim mais ou menos acomodado, zás !, uma chicotada !!! Agiganta-se à nossa frente a figuração do horror, desta vez não da guerra, não da calamidade meteorológica, não dos brutais estremeções da natureza, mas de tudo isto amalgamado na medonha e repugnante capacidade humana de matar o seu semelhante...
Será um fait divers talvez, daqui a um tempo, e isso é que me dói. Apurámo-nos todos tanto para chegarmos a «isto» ? Quem dera poder pegar numa borracha e apagar esta dolorosa vergonha da página actual da nossa vida !
Ocorre-me limpar os meus pensamentos com um soneto de RUY BELO
Na minha juventude antes de ter saído
da casa dos meus pais disposto a viajar
eu conhecia já o rebenter do mar
das páginas dos livros que já tinha lido
Chegava o mês de maio e era tudo florido
o rolo das manhãs punha-se a circular
e era só ouvir o sonhador falar
da vida como se ela tivesse acontecido
E tudo se passava numa outra vida
e havia para as coisas sempre uma saída
Quando foi isso? Eu próprio não sei dizer
Só sei que tinha o poder de uma criança
entre as coisas e mim havia vizinhança
e tudo era possível era só Querer

Sem comentários: