27 agosto 2009

As modernizações

No último domigo, veio buscar-me uma amiga para irmos até à beira-rio, aproveitar um não excessivo calor e alegrar a vista, porque o dia estava lindo e pensámos que o Tejo também devia estar, o que se verificou.Fomos mesmo naquele cálculo de horas em que apanhássemos o fim de tarde e o quase início da noite, tão repousante. Percebe-se, quanto se pode conversar com um belo gelado à frente, numa hora e num ambiente assim. O relato do que se passou em férias, não podia faltar. Somos amigas de muitos anos, de muita coisa vivida por uma e sofrida pela outra, a par com ela. Mas vieram mais à tona as minhas pequenas viagens nos pontos do país que ela e eu já conhecemos há anos e no como tudo está mudado agora, para mais, para maior,talvez para melhor... Daí surgiu a sugestão de irmos, a partir de ali mesmo, conhecer a Lisboa nova. Na linha do à beira-Tejo, foi um espanto para mim. Desde Algés a Xabregas, o que eu vi de novo, de mudado, de diferente ! Muitas obras ainda vivas mas a já deixarem perceber o que ali vem... E o que está pronto é bonito.
Voltámos para casa, já escurecia. E eu tive um serão para pôr tudo, tudo a direito na minha cabeça.É que,das férias, eu já viera a pensar até que ponto é realmente bom voltar aos lugares que conheceramos algumas dezenas de anos antes. Fica-nos uma sensação de estranheza muito especial, porque a nossa memória, na qual depositávamos toda a confiança, fica subitamente anulada, soterrada, como se um desmoronamento tivesse lançado um milhão de pedras (!) sobre algo de que ainda tentamos vislumbrar umas pontas, umas orlas emergentes. "Isto" já lá não está, "aquilo" mudou para outras instalações, "o outro" mudou de sítio, "agora já não se passa por aí",ou fechou,abriu , nasceu, diminuiu...enfim ,muito pouco está agora como a minha memória fixara . Então? Ficamos como um baú vazio ou vamos agarrar-nos à "segurança" das recordações ? Quando é que deixamos de ser "antigos" e ficamos apenas "velhos" como aquele album de recordações que alguém um dia deitará fora ?

2 comentários:

Joana disse...

Que pergunta tão difícil de responder!

Ia dizer-lhe que 'velhos' seríamos quando já um passeio desses não nos entusiasmasse.

No entanto, percebo que esses mesmos passeios inviabilizem a "persistência da memória".

É caso para uma definição de memória, ou recordações, mais abrangente, uma que se baseie no agora e vá até lá atrás.

Jinhos.

P.S.1 'antigo' é sinónimo de 'bonito', 'raro', 'caro', não é? :D

P.S.2 O que eu gosto de albuns!...

Anónimo disse...

Encontra sempre uma maneira de adoçar os meus pensamentos mais "ácidos"... Deixe-me dizer-lhe que achei óptimo o se texto sobre a morte. Bjs.