05 abril 2009

Cerimónias de RAMOS

Este deslizar das semanas durante a Quaresma torna-se-nos mais sensível porque é um caminho que se percorre e no qual se vão eliminando etapes. Chegámos hoje ao domingo de Ramos e, sendo aquele em que começa verdadeiramente a tragédia da morte mais injusta e cruel alguma vez executada sobre um ser humano, as cerimónias de igreja, neste dia, tornam-se alegres e festivas, já pelas cores vermelhas dos paramentos, já pela manipulação dos enormes ramos de folhas de palmeira, tão elegantes, tão graciosos, a ondular ao ritmo de todos aqueles cãnticos entoados em procissão. Imaginar a figura daquele JESUS materializado no filme de Mel Gibson, montado num burrito assustado com a gritaria do povo circundante, a procurar romper pelo meio de uma turba enrodilhada em gritos e palmeiras, em correrias para ver melhor o que parecia festa, imaginar a paciente doçura daquele que se sabia condenado sem crime, fez-me sentir subitamente uma tristeza tão dilacerante que só tinha uma vontade: fugir, sair, procurar outras cores da alegria, arrancar de mim toda a imagem da dor,da dor toda, ou antes, de toda a DOR... (e lá, na ponta de um banco, não é que se senta o que resta, em disformidade, daquela que foi a ninha alegre amiga cujo esgar,como sorriso, ainda veio ter comigo?)

1 comentário:

Joana disse...

Não gosto nada da Quaresma precisamente por isso, demasiada DOR.

Valham-nos os sorrisos! :)))))))))))


Jinhos.