15 março 2009

Depois da tempestade a bonança possível...

Imaginemos que saio desta espécie de túnel negro por onde me têm trazido esta semana as dores nunca antes experimentadas de uma inflamação nas espondilíticas cervicais, que resolveram envolver-me desde os mais recônditos locais da minha cabeça ( nem eu sabia que haveria por ali tanto cantinho para doer ! ) Imaginemos que já estou outra vez de bem com o meu computador e que a minha cabeça já se vai aguentando na posição que ele lhe exige..
Então aqui vou eu pensar ( será que não vai doer? ) neste 3º domingo de quaresma, tão especialmente cheio de interpelações, que chego a crer vir também ele pleno da especial atenção com que o Senhor este ano me atribuiu a minha penitência quaresmal.
Em primeiro lugar, vemo-nos como que acareados com"três" interlocutores diferentes. Muito diferentes mesmoNo Livro do Êxodo, é o Senhor Deus que fala àquela turba humana que acabara de salvar de uma humilhante escravidão e que, vencidos tantos obstáculos só superáveis porque existiu a Sua ajuda,iria agora, eufórica, entregue a si mesma fazer o quê ? Sem "rei nem lei",como se diz, e sem a mínima noção de como se é povo, sem vícios ou fraquezas humanas ( não cobiçarás a casa, nem o boi, nem o criado, nem a mulher do teu vizinho..! ) Bem, o Senhor Deus acaba mesmo criando um código e é com uma certa dureza que tudo faz para que entendam a importância de observá-lo EU SOU UM DEUS CIOSO. castigo a ofensa dos pais nos filhos,netos e bisnetos daqueles que me detestem, mas sou benevolente com os que me amam e guardam os meus mandamentos. E assim aquela massa humana seguiu na procura de um entendimento nada fácil, então. NUNCA, tenho vontade de o dizer agora. Todo este ideal seria realmente uma loucura de Deus ? Surge-nos então o segundo interlocutor, o "apaixonado" São Paulo a lembrar-nos aquela pertinente noção das distâncias que vão de homem para Deus e que estamos constantemente a esquecer.: « o que é loucura de Deus é mais sábio do que os homens e o que é fraqeza de Deus é mais forte...»» Por isso mesmo é que tanto se fala naquela " fúria" de Jesus ( o nosso terceiro interlocutor de hoje ) ,quando,suponho que gritando e esbracejando correu com os vendilhões do Templo. Foi isto uma sua fraqueza ou uma sua força ? Na linha de quanto há dois mil anos era necessário fazer para ser compreendido,terá sido uma força. Para que o"fraco" HOMEM não precisasse, dois mil anos depois ,ainda , de ser lembrado daquilo que todos sabemos lhe falta: a noção de que, cobiçar o boi ou o criado do seu semelhante e ver neles apenas o chorudo possível negócio, fará de si mesmo um " vendilhão" sem alma, sem Amor, que Jesus voltará a expulsar do TEMPLO.E de que a pertença a um povo, e para mais "de Deus",lhe exige discernimento para uma solidariedade / caridade que não se coadunam com qualquer "banca" de vendas no átrio de qualquer templo...

1 comentário:

Joana disse...

Discernimento para a solidariedade/caridade.

Nem mais!


Jinhos.