Serei mesmo supersticiosa ? Não devo sê-lo. Não quero sê-lo. Mas ... suspeito que, mascarada com aquele apego ao que é tradicional, está mesmo a superstição,em práticas inocentes que, se as não concretizo, me deixam, no mínimo, incomodada.
Aconteceu agora, na quinta feira da Ascensão.
Todos os meus amigos conhecem já a Valentina. É mais do que aquela pessoa a quem chamamos uma empregada. É uma amiga.Toma conta de tudo aquilo que eu, a pouco e pouco, vou deixando de poder fazer e também de tudo aquilo que ela entende que me é útil, agradável, consolador, e por aí fora. É alegre, disponível, sempre atenta,porque, quando não está na minha casa, telefona, quer saber se "já não me dói", se "não quero que venha cá" etc.,etc.. Ora no Dia da Espiga,durante a manhã em que ela esteve cá em casa, nem eu, nem ela nos lembrámos desse velhíssimo "hábito" de adquirirmos um bonito ramo cheio de simbolismos, nesse dia. Quando eu mais tarde me apercebi da falta, fiquei incomodada. Mas já não podia fazer nada. Os tais raminhos, vendem-se pela manhã nas paragens de autocarro e pouco mais. Uma estranha
sensação de perda não me largava...
E não é que, às oito e tal da noite me aparece a Valentina, toda risos e divertimento, empunhando um belo ramo de Espiga e brincando comigo, como faz muitas vezes ,"desta vez a Senhora esqueceu-se mesmo !..."
Deste tão encantador gesto e da minha tão reconhecida alegria naquele momento, nasceram vastíssimos planos de interrogações que se estão ainda prolongando e me fazem reconhecer quanta coisa há para destrinçar nos nossos comportamentos afinal tão misteriosos...
2 comentários:
Não me fixei na superstição... mas neste gesto tão amigo e simpático da Valentina... são também estes pequenos sorrisos e lembranças que nos ajudam a crescer como pessoas...
um beijo Vera
Superstição? Não me parece, antes Ritual. Todos os rituais e ritos bonitos de que se alimentam as relações bonitas também.
Jinhos.
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