24 abril 2007

SAUDADE

...e quando foi manhã
tinhas partido.
Eu era
o destroço
sobrado
de uma luta sem glória...

Quantas manhãs depois
vieram recordar-me
as investidas feitas,
sempre, por nós os dois !


Contra a vileza
e a subtil maldade,
contra a hipocrisia
e a mediocridade,
contra o lugar-comum,
a dença e a má sorte
e contra o déjá-vu
e os assédios da morte...


A recordar-te assim,
foi-me o tempo passando
e esqueci-me de mim...
Só quando fui capaz
de, um dia, separar
o meu do teu viver,
reparei no que andara,
...e estava a entardecer !

4 comentários:

Joana disse...

Fiz vinte e seis anos neste dia e só neste dia também percebi a necessidade de "separar o meu viver" do das minhas "crias"... porque precisamente "estava a entardecer!".

Muito me diz a Maria de Lourdes!... :)

Jinhos.

P.S. Apesar de tudo o mais, leio nas entrelinhas um amor admirável de tão grande. Muito bonito!

Anónimo disse...

...e como andamos...muitas vezes sem dar-mos por isso... atravessamos sol e chuva e sem aviso começa o "entardecer"... um beijo

M. Fátima disse...

Mas que lindo, que homenagem!
Comovida,... beijinhos

Carlos Alves disse...

Hoje fez-me pensar.
Hoje que comemoro os 21 anos de casado. Hoje que a vida corre difícil e nos faz recear por "uma luta sem glória...", mesmo que ainda a dois e vertida nos frutos da nossa entrega mútua - os nossos filhos.
Receio que depois de tudo, pouco sobre.
Ouso desejar que ao "entardecer" também consiga, olhando para trás, espelhar a mesma felicidade que irradia - permita-me o tratamento - a minha boa amiga. Lamechices...