Nos primeiros tempos do cristianismo, os cristãos que considerassem ter prejudicado ou ofendido alguém, pecando e reconhecendo-o em sua consciência, dirigiam-se à sua Igreja no primeiro dia da quadragesima, após o período mais ou menos orgíaco do carnem vale, e recebiam, sobre as suas cabeças, cinzas abundantes com que os sacerdotes os aspergiam antes de os conduzirem à porta do templo para que, a partir dessa ocasião, e para verdadeira expiação não voltassem a entrar lá,não podendo passar do átrio exterior,durante os quarenta dias que iam seguir-se,não lhes sendo portanto permitido tomar parte ou simplesmente assistir às cerimónias próprias desta época.
As cinzas de que eram cobertos simbolizavam a precaridade da vida em pecado__LEMBRA-TE DE QUE ÉS PÓ__ mas, ao mesmo tempo, a expiação oferecia ao penitente a possibilidade de se afirmar na sua confiança na MISERICÓRDIA DE DEUS, pois sabia que, cumprida a penitência com real humildade e arrependimento, voltaria a ser recebido na Casa de Deus.
Como máxima manifestação de humildade e desapego das venalidades, os penitentes substituiam as suas roupas habituais por uns toscos sacos de serapilheira com apenas umas aberturas para a cabeça e braços e com isto vestido passavam toda a quadragesima.
Longe deste rigor, vamos nós hoje receber ,do nosso sacerdote, um sinal de cruz feito pelos seus dedos previamente mergulhados em cinzas, sinal que as nossas testas guardarão exteriormente por alguns segundos, porque o pó é pó .E a precaridade desta duração também nos pode dar muitos tópicos de meditação. Do que fica no interior das nossas cabeças, há outro registo que aqui não vem ao caso. Mas destes sinais exteriores,pergunto-me : há uma outra cinza, vivo sob outra espécie de vento, ou sou eu que perdi demais a minha capacidade de ser PÓ ?...
1 comentário:
"Há uma outra cinza", sim... Sinais dos tempos...
Jinhos.
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