23 janeiro 2007

O mundo ficou mais triste

Creio que todas as pessoas que têm convivido comigo desde sempre( ainda vivem algumas do tempo da meninice) se lembrarão de me ouvir afirmar que me não assustava a situação de envelhecer, mas que me assustava e muito pensar que certamente teria que ir vendo envelhecerem, perderem qualidades e, enfim, desaparecerem as pessoas que me eram queridas nessa época de juventude: os pais, os amigos muito mais velhos que sempre tive, os professores e as figuras públicas que admirava nessa idade.O que eu faria, se tivesse poderes mágicos, seria conservá-los todos, jovens, bonitos, admiráveis...
Mas a Vida foi-se encarregando de me confrontar com essas perdas que eu tanto receava.
Foram decaindo primeiro e desaparecendo depois, os mais velhos e também alguns da minha geração, para minha grande dor/surpresa/revolta, sem remédio...
Hoje, para me enganar a mim própria, brinco com a evidência do que me espera para àmanhã(?) ou depois de àmanhã(?)...E vou dizendo que, em cada hora, estou mais um lugar à frente naquela fila que todos conhecemos... Mas vou chegando a essa posição porque vão desaparecendo aqueles a quem Deus já abriu a porta...
Há uma semana foi aquele Prior da minha paróquia que se perdera há dez anos nas espirais da Alzheimer. Num post deste meu blog,em outubro do ano passado, referi que um meu amigo polaco me escreveu quando da morte de João Paulo ll, dizendo que o mundo ficara mais triste por isso ter acontecido. Foi o que imediatamente me ocorreu quando soube do desaparecimento daquele Padre Armindo que, em certa época da minha vida, foi mais do que um esteio, um recobro, para todas as minhas inseguranças, todos os meus desânimos.
Tal como noutras ocasiões, os católicos temos tido ultimamente perdas cujo vazio não estará tão cedo ao nosso alcance preencher. Estou a pensar no Irmão Roger de Taizé e, hoje mesmo, no Abbé Pierre dos Emauz. O Padre Armindo, era, como eles, generoso,despojado, atento aos infelizes e necessitados, com um coração maior que o que é apenas humano...
Não há dúvida de que, sem eles, o mundo está mesmo a ficar mais triste!...

1 comentário:

Joana disse...

Como a entendo até certo ponto!... Tive a sorte de privar de perto com o Frére Roger quando fui a Taizé. Mundo mais triste, humanidade mais pobre... Talvez, mas tenho como quase certo que esses estados são passageiros. Tenho o privilégio de ter como melhor amigo um, jovem padre, que conheço desde o liceu e de através dele ter conhecido toda uma geração (de seminaristas) francamente promissora.
Não sei se a trsiteza do mundo será assim tão linear, nem se será assim tão "fulminante" a sua progressão na dita fila... A mim parece-me uma pessoa "jovem, bonita, admirável". Muito, muito, muito. Agora. E, portanto, haverá muitas outras, mais e menos jovens etariamente, que a ultrapassam na fila, todos os dias - tenho a certeza.

Um beijo que a atrase na fila. ;)