10 junho 2013

Dez de Junho - pensar PortugaL. E Camões.

Dia de Camões ,
E porque ele pôs  Vasco da Gama a explicar  ao Rei de Melinde  onde geograficamente se situava o país donde vinha, lembrei-me subitamente daquela outra exposição geográfica, tão interessante, feita por Pessoa  :
                      A EUROPA jaz, posta nos cotovelos.
                      De Oriente  a Ocidente jaz, fitando,
                      e toldam-lhe românticos cabelos
                       olhos gregos  lembrando.

                       O cotovelo esquerdo é recuado;
                       O  direito é  em angulo disposto.
                       Aquele  diz Itália  onde é  pousado,
                       este diz Inglaterra  onde, afastado,
                       a mão sustenta em que se  apoia  o  rosto.

                        Fita, com olhar  esfíngico e  fatal,
                        o  Ocidente, futuro do  passado.

                       O  rosto com que fita...é  PORTUGAL.


Bom, mas isto foi apenas uma "gracinha" de que me lembrei, reveladora de  épocas, de personalidades, até de maneiras de amar !
Camões dizia assim ao curioso  rei de Melinde , pela boca de Vasco  da  Gama, os dois em frente de um mapa material, não esteticamente metafórico como o de Pessoa .
                 
                 Eis aqui, quase cume da cabeça
            de Europa toda, o Reino Lusitano,
            onde a terra se acaba e o mar começa
             e onde Febo repousa no Oceano...


             ESTA É A DITOSA PÁTRIA MINHA AMADA
              á qual se o Céu me dá que eu, sem perigo,
              torne com esta empresa já acabada,
              acabe-se esta luz ali comigo !
 

Sabemos muito bem, dito em centenas de versos, assumido por uma tão aventureira vida, que o amor de Camões pela sua pátria era quase visceral e também sabemos que "tornou" enfraquecido e pobre tão pobre que "viveu de amigos",após o naufrágio e que o pagamento em dinheiro que lhe foi dado por Dom Sebastião, em recompensa de tão esplendorosa obra, chegou para ir quase que esconder-se a adoecer e morrer aos poucos, comendo as sopas que o velho Jau ia pedir de esmolas, sem ele saber... Quem viu um filme sobre a vida de Mozart deve lembrar-se da última cena em que se vê uma miserável carroça a transportar o corpo do músico e um cão  caminhando ao lado, solitário... Com Camões far-se-ia um funeral semelhante, tendo Jau no lugar do cão.
Aquele belo túmulo que existe no Jerónimos e os turistas visitam, não tem Camões nenhum. Nunca se soube dos seus restos mortais, tendo ainda por cima o terramoto de 1755 desmantelado covas e cemitérios e nunca se tendo mais sabido também do velho e fiel Jau.
Este dia de Camões parece fazer, em cada ano, que eu o ame e admire sempre um pouco mais. Pelas suas qualidades, pela sua humilde sabedoria, pelo seu desprendimento, pela sua arte, pela sua galhardia...E, acima de tudo pela maneira de  amar. A VIDA, AS MULHERES, O PAÍS .Morro com a  PÁTRIA , parece ter dito. na coincidência da chegada da governação espanhola. Pois eu acho que se pode dizer que alguma coisa da pátria morreu com ele para sempre !


            

            


                   .






    
                      

1 comentário:

Irmãos de luz disse...

olá!
é sim irmã, vivemos vidas dentro da mesma vida e ..outras vidas..paz na sua alma.
irmão antónio
: )