07 novembro 2009

O Ocidente e a sua filosofia

Estando,como estou, contente com a minha posição de reformada, pela liberdade( libertação) e outras coisas, às vezes tenho saudades daqueles areópagos internacionais em que tomava parte por obrigação profissional que me permitiam contactar, à margem dos trabalhos, com pessoas de outros mundos, já nessa altura a darem passos bem mais largos do que a minha perna, em formas de estar na vida que me deixavam perceber estarem a começar a envelhecer não só os Sartres, como os Jakobson, pela força de circunstâncias de uma Europa que me embalara, jovem ratinho de biblioteca, tanto neles como em estimulantes Barthes, mesmo sem os ter compreendido muito bem. Posso dizer que nesses encontros aprendi mais de Sociologia e Antropologia do que me tinha sido posível fazê-lo no meio das minhas literaturices.O certo é que tenho agora a certeza de que ,nessa época, me não enganava e esta Europa está mesmo a aculturar-se a olhos vistos...E nós, os daqueles tempos, seguramos com todas as forças as memórias possíveis( com que sonoridade se teceram despedidas a C. Lévi-Strauss há dias falecido ), porque sentimos que é uma parte do que nós somos que está a periclitar... Se falo nisto agora, é porque ontem um meu aluno que por sinal fez no ano passado, com êxito, a cadeira de Filosofia, me perguntou à queima-roupa «afinal, professora, o que é bem ao certo a FILOSOFIA ?» Falávamos de dois dos heterónimos de Pessoa. E não é que eu fiquei ali embarçada ao tentar dar-lhe de forma sucinta e quimicamente pura uma definição de algo que para mim está a ficar cada vez mais híbrido, mas também mais descaracterizado ?Pensei apelar a uma reconfortante inspiração grega mas duvido se não será antes e apenas que seja só uma pontinha de ummundo todo outro que esteja chegando até mim e por isso sinto que me fará falta ir por aí vê-lo mais de perto? Não será mesmo ?

1 comentário:

Joana disse...

Não sei, há incursões que não final não merecem o caminho, sabe?



Jinhos.