Meu Deus, como são misteriosos os mundos em que nos encontramos ! Não consigo explicar, nem sei de quem consiga, mas paira no ar, desde os alvores de Junho, um ar de festa, uma espécie de descompressão, que faz as pessoas andarem de levante, expressão muito usada na minha juventude e que significava qualquer coisa parecido com de cabeça no ar... Há imensos feriados e dias santos e toda a gente vai passear, viajar, sair, andar,dançar, cantar,festejar, com múltiplos concertos, feiras, exposições, espectáculos, encontros, congressos, mostras, em suma, tudo o que menos seria de esperar viesse instalar-se debaixo daquele mar de nuvens negras que nos taparam todos os horizontes ainda há menos de quinze dias e do qual nos tinham dito que seria para durar pelo menos um ano ou dois, pois no país não havia mais dinheiro nem mesmo para mandar cantar um cego( outra expressão dos tais tempos em que se dava umas moedas na rua a ceguinhos que lá estavam com uma concertina e tocavam para nós se lhes déssemos a esmola que os ajudava a viver). Pois bem ! Esses ceguinhos, felizmente já têm outras vias de ajuda, mas nós é que os vemos substituidos por caríssimos grupos de rapazes e raparigas de muito originais apresentações que vêm de todas as partes do mundo "cantar" ´como vedetas dos tais encontros, concertos, etc, etc. E tudo isto custa dinheiro do que nós julgávamos que não havia, mas afinal há...Pois então, uma pessoa anima-se e vai com as outras, que bom ! Esquecer aquelas arrelias dos IRS, dos IVA, das portagens, das Escolas...
E assim, de festa em festa, acontecem coisas inesperadas. Por exemplo, hoje,e muito bem, houve uma linda festa por ser o DIA DE PORTUGAL( e DE CAMÕES E DAS COMUNIDADES). Isto é, com tanta coisa na cabeça, pelo menos EU ainda não ouvi fazer nenhuma referência a Camões. Claro que era muito importante mostrar ao povo coisas bem concretas que, mesmo no meio do grave ,até dão para animar. Mas em detrimento de um memorialsinho de Camões é que eu acho muito triste ! Houve uma linda parada militar, houve belos discursos, houve condecorações... Mas a tal raiz, o tal "amor da PÁTRIA" de quem tanto mereceu e tão pouco recebeu dos seus compatriotas lá se vão ficando por aí diluidos em memórias que não "dão" para festas...Mas quem sou eu para não entrar também no que para aí está para vir ainda e é tão colorido, tão alegre e tão tonificante: o nosso querido, queridíssimo Santo António?! O que por aí vai de alegria já programada nesta Lisboa que o adora! Assim Deus nos ajude e lá cantaremos também pelo menos uma quadra que fale do SANTO, de manjericos e de cravos ao luar...
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