28 outubro 2012

O cego á beira da estrada - hoje

O cego Batimeu que vivia sentado à beira da estrada.
 Quando ouviu dizer que toda aquela movimentação à saída de Jericó era devida á presença de Jesus, começou a implorar em altos gritos «Jesus,filho de David,tem piedade de mim ».Repreendiam-no para que se calasse,mas ele cada vez gritava mais.«Filho de David,tem piedade de mim». Jesus então parou e disse: chamai-o ! Chamaram o cego e disseram-lhe : coragem,levanta-te. que ele está a chamar por ti. Ele atirou fora a capa ,deu um salto e foi ao encontro de Jesus que lhe perguntou:«Que queres que eu te faça ?» O cego respondeu :«Que eu veja,Mestre» Respondeu-lhe Jesus:«Vai, que a tua fé te salvou» .Logo ele recuperou a vista e começou a seguir Jesus na estrada-
-do Evangelho deSÃO  MARCOS, 14, 46-52
 Este cego que,à beira da estrada, gritou quanto podia e contra toda a conveniência que o mandava calar, pedindo a misericórdia de Deus através da amorosa comiseração de Jesus, é para mim uma das figuras mais pungentes de toda a imagética dos evangelhos. Sou eu, são todos os que só por um acaso assim poderão encontrar-se com Deus e falar-lhe, não só do que sofrem.mas também de como o esperam nas suas vidas, longamente, confiadamente... É o nosso grito por aí a ecoar nas beiras das estradas deste nosso mundo de agora ! ! !
Para os que não entenderem isto não sei se haverá outras estradas...

27 outubro 2012

Arco-Iris

 ONTEM. ao abrir da manhã, o céu estava
colorido  em forma de arco, sobre a minha rua...

25 outubro 2012

LISBOA, portuguesa e cristã

Os portugueses andam tão agastados com a sua vidinha de contas diárias, horárias mesmo, com as  inerentes  recusas, objecções e desejos do que lhes vai sendo proposto ou imposto por uma política que os arrasta num torvelinho de perguntas e ansiedades muito primárias, que, ou reduzem  tudo a uma só conta  cujo máximo denominador comum é  chegar-lhes o dinheiro, ou então se entregam ao desânimo que os faz desligarem-se de tudo... De tudo, digo eu, daquelas coisas que podiam ainda dar um pouco de graça às suas vidas. Quem se lembrou ontem das bem humoradas e ácidas FARPAS do RAMALHO  ORTIGÃO, a ramalhal figura como os seus companheiros de geração e cultura achavam que merecia,por mil razões, ser chamado ? E quem, depois de tantas e tão recentes questiúnculas públicas por causa da redução dos feriados, se lembrou que durante anos e anos o dia de hoje era o FERIADO DA CIDADE ? Em 1148, num 25 de Outubro, Lisboa passou a ser portuguesa e cristã. Não é bonito pensar em todos estes motivos para algum orgulho na nossa condição de PORTUGUESES a podermos falar de um tal Afonso Henriques ao qual, na altura, tantos cavaleiros europeus  quiseram ajudar a ser rei de mais uma lindíssima cidade ?

22 outubro 2012

VOLUNTARIADO

Um meu amigo infelizmente já desaparecido, filólogo e poeta, dizia que, tal como as roupas ou as cabeleiras, as  palavras  também têm  modas. Surgem um dia de um a-propósito tão adaptado a uma qualquer  situação ou ocorrência que, de adaptadas, passam a adaptáveis, moldáveis mesmo
  e aí estamos nós a lembrar-nos de mais esta e aquela aplicação perfeita.
E  assim nasce a moda .
Estou  agora a falar da palavra  voluntário,a  e do consequente voluntariado. Embora estejamos a viver uma época em que por mil e uma razões se justifica,ou antes, se torna necessário o voluntariado em quase todos os ramos da actividade humana, a entrada em "moda" da palavra não é de agora. Quero recordar aqui aqueles que, sendo eu menina, tanto admirava por se oferecerem como voluntários para a Guerra Civil de Espanha ,e me pareciam heróis,e bem mais tarde, alguns estrangeiros que conheci,na sua passagem mais ou menos longa por Lisboa e haviam sido voluntários algures, na 2ª Guerra Mundial , e ainda mais adiante alguns que foram voluntários na nossa Guerra de África... O que aconteceu foi que a esfera de acção que a palavra  voluntário vai podendo cobrir tem  perdido o cariz bélico que eu lhe reconhecia e tem alargado, alargado sempre e tanto ,que hoje é  uma imensa planura de caridade a crescer todos os dias mais um bocadinho...
Assim, velhinha, sosinha, trõpega e pouco móbil, foi-me proporcionado pela paróquia a que pertenço, um  lote  de Senhoras  encantadoras e amáveis a todos os títulos que. em voluntariado, me rodeiam de atenções e até carinho que eu acho nem merecer.  E  elas fazem-no em nome da paróquia. portanto sem quaisquer interesses de agradecimento ou louvor... Mas dão um pouco de alegria aos dias tristes, um poco de esperança quando muitas vezes nem já sabemos o que isso é.ajudam-nos a recobrar entusiasmos por vezes já perdidos e ainda nos ajudam em coisas práticas como sair para ir a uma consulta ou até para tratar de algo pessoal e inadiável...E, sobre tudo, vêm , o que se torna de uma imp ortãncia extraodinária quando vivemos sós. VIR álguém é sempre uma  festa !
Quem ler este post já pensou por várias vezes que estou a falar de um voluntariado que não é bem aquele das grandes notícias e das grandes "obras" de que tanto se fala... O dos Hospitais, por exemplo, com a minha espantosa amiga IRMà CONCEIÇÃO, claro, E o daquelas pessoas que largam tudo e partem para África, como fez a minha "sobrinha" Vera...  Pois. É um mundo imenso de boas vontades, diria eu, de AMOR !
Mas de palavra em moda, passou-se a ACÇÃO  de amor. Se não parecesse uma heresia, eu diria que foi um novo verbo que se fez carne, matéria. E foi de tudo isso que o Pároco da minha Freguesia, da minha Paróquia, que dirige amorosamente  a Pastoral da Saúde  em  Portugal, quis fazer neste fim de semana  uma  profunda meditação que fosse ao mesmo tempo  uma "revisão" e um exemplo  sugestivos bastante para uma grande e escolhida .assembleia de convidados interessados e interessáveis...
Foi nisso que ,por convite dele, estive profundamente mergulhada, tentando dar algum contributo. Com gosto, com  entusiasmo e,indubitavelmente GRATIDÃO 

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17 outubro 2012

Dia dos Sem-Abrigo

Na minha qualidade de professora de literatura do meu país e sendo particularmente eterna apaixonada por CAMÕES, sinto sempre como o picar de um espinho no coração quandotenho que dizer a um aluno que naquele belo túmulo existente nos Jerónimos, pode haver ossadas de toda e qualquer pessoa, menos de Camões, visto que, não se sabendo onde o seu criado jau o terá sepultado quando ele morreu e sabendo-se, ainda para mais, que o terramoto de 1755 remexeu vigorosamente os cemitérios, ficou assim para sempre perdida a possível localização do que reste do corpo do poeta. Mas este não é um caso único, sendo apenas o mais clamoroso da nossa História da Literatura.
 E porque me assalta esta memória, hoje, dia qualquer de um outubro qualquer ?
Porque os noticiários matinais me anunciaram que, sendo hoje o Dia Mundial dos Sem-Abrigo, seria celebrada uma missa por alma das quase duas mil pessoas que a Santa Casa da Misericórdia até agora acompanhou misericordiosamente á sepultura, por morrerem sem ninguém que aparecesse a reclamar a sua pertença... É tão cruel este  não ser de ninguém , e faz-nos imaginar o que se teria passado numa vida que termina assim. SOLIDÃO !
Disse-me o senhor prior da minha paróquia .« solidão é uma doença ».E concluo eu .PODE MORRER-SE DESSA DOENÇA.

16 outubro 2012

Crer ou Querer ?

Aconteceu ser ontem o dia deste início de ano político de 2013, com uma espécie de abrir jogo da parte dos parceiros que nos couberam quando este novo jogo começou...
Tenho dito,( amarguradamente tenho pensado, estudado, ouvido, procurado informação eformação), que não acho honesto opinar sobre o tão sério e específico de tudo o que decididamente me ultrapassa no que sei ser a minha insuficientíssima bagagem de conhecimentos. Então posso reagir e agir com o coração...Uma vez mais viajo pela minha única experiência próxima da coisa política :foi o desaguar de um rio que se vinha insinuando na aridez dos meus conhecimentos, a Revolução dos Cravos ! Aí, eu creio que sabia,que podia, e entreguei-me sem escrúpulos, sem problemas de honestidade. Andei por criações de sindicatos. sessões de esclarecimento, entusiasmos de rua, com bandeiras e cravos,tudo em plena seriedade e convicção. Também era importante .:Havia algo que eu queria conquistar.De então para cá, como já disse, aconteceu como à cobra que vai largando uma pele. Nem vale a pena aqui falar de motivos, de razões... É do avanço na minha idade ou será de algumretrocesso na idade de outros? Não reconheço quase tudo e apenas sei o que prefiro guardar para memória futura. FUTURA ?...

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14 outubro 2012

SEM DESEPERAR...

Este é o meu habitual post de domingo. Acontece que estou a fazê-lo pela primeira vez no meu computador chamado Samsung que veio ocupar o lugar do envelhecido e fraquinho Asus. E, como todas as coisas que vão fazendo parte da minha vida, isto deu-me muito que pensar...Primeiro, enquanto ser humano, muito marcado por estas coisa do"ir ficando velhinho e fraquinho", segundo, enquanto ser religioso que não saberei viver sem sentir, como digo num verso de um dos meus poemas "foi Deus quem pensou em mim?", e terceiro, como ser político, cidadão,patriota,que se sente magoado, magoado na real acepção desta palavra que significa com  mágoa.
Talvez seja agora ocasião de deitar para trás uma  olhada e recordar como me fiz cidadã deste país pelo qual hoje sofro, com uma dor fininha que não é parecida com nenhuma das muitas e grandes dores que a situação de ir vivendo me tem proporcionado. Nasci  numa cidade envolvida em vários véus de tradição , medieval acastelada, burguesa, à maneira do século XIX,salpicada de ruralidade, caldo de literatura para naturais e estranhos nela acantonados, militar, na galhardia do cumprimento das missões que iam para lá desempenhar os militares naturais de muitas outras terras,aldeias e cidades. Uma mistura de substratos a nenhum dos quais eram alheios os meus pais que a tudo isso ainda acrescentaram os verões numa praia atlãntica encastoaada em pinhais e cujas memórias ainda hoje são para mim talvez os melhores momentos de recordação, e uns outros verões de total ruralidade, trepada em carros de bois repletos de palha ou abóboras,  encarrapitada aos figos, nos ramos de uma figueira que pendiam sobre um riosinho cujo nome embora venha no mapa, nunca passou de um magrito afluente...Sucederam- se cidades aonde me levavam os desempenhos profissionais do meu pai, do Alentejo ao Minho, e que foram correspondendo sucessivamente aos meus progressos de aprendizagem por indução e intuição e ao avanço nos estudos. Até que era "uma mulherzinha" quando já na Linha de Cascais primeiro e em Lisboa depois, ouvi pela primeira vez falar em Salazar, em Franco, na Guerra de Espanha, em POLÍTICA, em suma. E em "direitas" e "esquerdas",estratégias, refugiados, países, e tanta outra coisa a isto tudo ligada e que para mim era o "abrir" do mundo ao qual não sabia até aí que também pertencia. Meu pai tinha a sua "estratégia" para fazer de mim uma mulher. A minha Mãe fora a primeira rapariga a frequentar o liceu da nossa cidade, sózinha no meio dos comentários de toda uma sociedade. Isto diz qualquer coisa sobre a teoria da educação e desempenho da Mulher que foi seguido na minha própria formação. Por exemplo, fiquei pesadona e pouco ágil (quanto,meu Deus"!) porque na altura de fazer ginástica nos meus colégios era obrigatório para isso o uso do fardamento da Mocidade Portuguesa e isso o meu pai nunca consentiu que eu vestisse... Na sequência sempre coerente do meu entendimento, por mim já elaborado, do que era ter uma pátria, atravessei o período da segunda Guerra,fiz o meu curso,aprendi com os refugiados e  os meus olhos já sabiam ver o Mundo para lá de muitos muros de angústias e ansiedades que em vagas de marés chegavam até nós. Um dos últimos conselhos do meu pai foi:"sejas o que fores,na vida nunca esqueças de que ,antes de mais nada, és um ser humano irmão de outros como tu e que é com eles e por eles que sempre deves levar a tua batalha "
Por todo este trilho que se vai deixando no caminho, ao procurar revê-lo, se percebe que ,como a cobra, foi uma pele de nós de onde fomos saindo mas tão nossa ficou sendo !E temos aqui e agora  de nós, do "miolo" de nós, tudo intacto e liberto,apenas com o exterior desgastado...
Perante o que  está a acontecer,o ser humano, o ser religioso e o ser que ama tanto o seu país não podem deixar de estar unos e coerentes a acreditar sofrendo,mas não desesperando...

07 outubro 2012

27º domingo


Hoje  ás  7  da manhã, da minha janela  via isto ! Quem me conhece sabe da minha paixão pelo nevoeiro. 
E, se São Marcos nos diz hoje que o próprio Senhor Deus reconheceu que «não convém que o homem esteja só», no momento da Criação, eu sei, de saber seguro, que é no envolvimento do manso nevoeiro que a minha alma se encontra com a companhia que o Senhor Deus lhe destinou...           

04 outubro 2012

DIA MUNDIAL DO ANIMAL

NESTE LINDO DIA DE SÃO FRANCISCO DE ASSIS, IRMÃO DE TODOS OS ANIMAIS, O MUNDO RESOLVEU INSTITUIR O DIA DO ANIMAL. ENTÃO AÍ ESTÁ O MEU ANIMAL, MEU IRMÃO, MEU COMPANHEIRO DE TANTAS HORAS DE SOLIDÃO... ELE TEM UMA ESPÉCIE DE LINGUAGEM COM A QUAL FALA COMIGO... ACREDITAM QUE DIALOGAMOS ?

01 outubro 2012

Dia Mundial da Música

Deixo entrar pela casa
a grande música !
Bach, Orff, Vivaldi,
Beethoven e Rodrigo...
Dvorak ou Falla...
E Tchaikowsky !
E Grieg !...
Entram em catadupas,
Em cascatas,
e despenham-se
e enrolam-se em espirais
como tornados.
E envolvem
e revolvem,
como um alagamento
ou uma convulsão...
Quando subitamente
se desdobram e espraiam,
e toda a cachoeira se desfaz,
são, borbulhando em espuma,
um mar manso e aberto,
um remanso de rias
ou represas,
ou lagos... ...
E o que fica no ar
é parecido com a paz
dos prazeres
saciados ! ! ! ...

Do meu livro Sinestesias



De la musique avant toute chose... É celebrado hoje o DIA daMÚSICA e logo no primeiro dia do mês no qual eu encontro todas as conexões com suavidade,doçura,apaziguamento, serenidade !

Nada daqueles entorpecimentos da geração que VERLAINE marcou com esta sua lei primeira da arte poética, mas um "estar bem" no mundo agora malgré tout... Parece-me de total inutilidade explicar aqui qual é a minha música uma vez que a incluo neste panorama do meu Outubro. Tive a sorte de me terem oferecido agora dois CDs de géneros bem distintos mas perfeitamente enquadráveis nesta tessitura das minhas horas de silêncios vitais : 14 valsas de Chopin interpretadas pela Mª João Pires e a Sinfonia nº 2 de Rachmaninov numa interpretação do maestro Temirkanov que faz com a Royal Philharmonic Orchestra absolutamente um festival. Já quase tanto, direi, como o Karajan quando pegava fosse em que orquestra fosse. Não se admirará ninguém de que uma pessoa com a minha idade não se entusiasme com os be- bop e todas as qualidades de pop com cujos barulhos a gente nova se embala, ou antes, se sacode. É a energia estuante que encerram nos seus corpos que precisa daquela válvula de escape . Por isso também hoje devem os jovens festejar a sua música. Lá chegará um dia em que também festejarão a minha...E como me irão então compreender!!!