13 dezembro 2007

Passou hoje a haver um Tratado de Lisboa

Lembro TORGA . Hoje a grande notícia não fui eu...
Aqui,neste país e nesta hora.Aqui,junto dos meus, mortos ou vivos...
...ver esta maravilha: meu Pai a erguer uma videira, como uma Mãe que faz a trança à filha...


O que me foi dado ver na televisão, esta manhã, foi uma Lisboa lindíssima,iluminada com a sua mais deslumbrante luz, muito branca nas pedras antiquíssimas debruadas de azul aqui e ali, pela mão de alguém que mais pareceu realmente amar muito esta cidade, tanto, tanto, que só pensou em mostrá-la bonita às visitas que vieram de todas as partes... Vinham pela política, pelas conveniências, pelas "tricas", por tudo, menos pelo Amor, mas era vê-las saírem dos respectivos carros e desanuviarem-se-lhes os semblantes que traziam fechados ou distraídos... Alguém arranjara Lisboa, ali,encostada ao Tejo, "COMO UMA MÃE QUE FAZ A TRANÇA À FILHA" e era ver os sorrisos e os braços abertos, em gesto de abraçar, de toda aquela gente que, de cores transparentes , resplandecentes, apenas sabia de ouvir falar,certamente, através de espessas paredes de cinzento...
Hoje a Lisboa que eu amo estava ali. E a grande notícia foi ela, deixando-se amar...
Quando destas partes se partiu um dia, muita coisa veio a tornar-se diferente "URBI ET ORBI"!

06 dezembro 2007

ISAÍAS

Deixe o ímpio os seus caminhos e o pecador os seus projectos;volte-se para o Senhor,que terá piedade dele,para o nosso Deus que é generoso a perdoar.
"Os meus planos não são os vossos planos,nem os vossos caminhos são os meus caminhos_ diz o Senhor_;quanto os céus estão elevados acima da terra,tanto se acham elevados os meus caminhos acima dos vossos e os meus planos acima dos vossos planos"


Gosto de ficar a pensar quanto sou pretensiosa quando imagino que Deus
está a fazer qualquer tipo de "avaliação" com bitolas iguais às minhas...
O nosso sistema de contas,pesos e medidas criámo-lo nós de acordo com as
nossas dimensões.Não sou capaz de imaginar,à dimensão divina, o quanto,
seja do que for...

02 dezembro 2007

Este mês de Novembro, se algures há um contador do tempo das nossas vidas, devia-me ser descontado nos totais de algum dia, porque na verdade tenho a sensação de que o não vivi, ou de que ele não me permitiu que o vivesse. Passaram os Santos e os Fiéis Defuntos, partiu a Côrte para o Brasil, morreu Fernando Pesssoa, e eu, agarrada a uma tradução que prometi a alguém, fui deixando escorrer os dias a pensar em coisas que nunca tinham entrado na intimidade das minhas ocupações e que, por isso mesmo, chegaram a alienar-me completamente, pela novidade, pela variedade, e pela alteridade...Numa espécie de assombrações do meu mundo a fazer-se presente, surgiam-me, pelas tardes ,Camões a divertir-se em voltas de redondilha menor, D. Manuel deSousa Coutinho a pegar fogo à sua casa, e a Tlebes em toda a sua pujança a radicar-se por entre quase inofensivos grafitti, tão significantes quanto um código o pode ser.
E foi por entre tudo isto que tomei conhecimento daquilo que, de repelão, me fez pôr de novo os pés em terra.E não foi o renascer das quase-cinzas do acordo ortográfico luso-brasileiro...Foi algo que tem a ver com a Língua,sim senhor, a Língua que o Poeta dizia ser a nossa Pátria. Ergue-se BOLONHA,quando muitos de nós andávamos distraídos, e agora os alunos entram nos Mestrados e eis que as aulas são dadas em INGLÊS! E os testes são escritos em inglês. Os comentários preocupadíssimos que tenho ouvido de alunos,por exemplo, de Economia !!! Quase todos sabem algum inglês mas não têm desembaraço naquela área de vocabulário e muito menos escrito... Bem!...Como foi que tudo isto e muito mais foi acontecendo ?
Creio que nunca me pareceu tão bemvindo o DIA da RESTAURAÇÃO da INDEPENDÊNCIA,um 1º de Dezembro cinzento e meio envergonhado,com as pessoas do costume a fazerem e dizerem as coisas do costume, mas comigo a ver as coisas já não com os meus olhos do costume...