18 setembro 2009
por causa de GUNTER GRASS
Quando, há alguns anos, tomei conhecimento da existência do Centro Cultural de São Lourenço, em Almansil e o visitei demorada e encantadamente, tomei também conhecimento com um artista alemão de quem nunca tinha ouvido falar e que, residindo então naquele Algarve interior que acolhia a cada prega de terreno cidadãos de todo o mundo que por ali se sentiam em verdadeiros retornos às origens, viera expor naquele sítio acolhedor umas lindíssimas aguarelas, desenhos e esboços preparatórios de uma obra que viria a publicar mais tarde. Era Gunter Grass, um homem indubitavelmente controverso, não só pelas suas opções políticas e sociais, como até pelos seus percursos artísticos, da pintura e escultura para a literatura, sempre nas bermas de um certo humor, a escorregar depois para uma maior convicção surrealista, mas de tal forma inteligente que acabou por vir a merecer um Nobel da literatura, em 1999. Porque me lembro de tudo isto agora? Porque, tendo sido sempre uma leitora-admiradora de Augusto Abelaira, li, nos anos 60, uma tradução de O Tambor de Grass feita por Abelaira, de que gostei tanto que fiquei com aquele autor no meu registo de preferências e acabo de saber que, por se completarem agora cinquenta anos sobre a sua publicação primeira, se achou interessante lançar uma nova tradução. A este livro se seguiram outros dos quais um tem o título bizarro e sugestivo de Descascando a Cebola. Acho-o sugestivo porque, podendo dizer-se que tudo o que escreveu Grass é autobiográfico, é verdadeiramente o descascar de uma cebola o acto de ir contando as sucessivas camadas que vão constituindo as nossas vidas... Hoje e aqui, acabo de descascar uma nova camada da minha vida, não foi?
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1 comentário:
Sem dúvida. :)))))))))))))
'Descascando a cebola' é o único livro que conheço dele. Agora, que bom!, aguçou-me a curiosidade para O Tambor. ;)
Jinhos.
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