Seriam umas cinco da manhã e os deuses zangaram-se todos de tal maneira que rolavam mobílias nas suas moradas de nuvens,atiravam-se uns de encontro aos outros a rosnar longamente, sucessivamente, progressivamente. E vieram-se chegando, cada vez para mais perto de nós, num crescendo de estilhaços de luz e de urros abafados, a reboar, a reboar, por cima, por baixo, por todos os lados daquela camada negra de nuvens que os sustentava... A briga arrastou-se até um climax estrepitoso, cerca das oito horas, em que todos podiamos pensar que os deuses estavam despejando sobre os pobres de nós , todos os seus carros de lenha, ou tábuas grossas...Só então houve uns que choraram raivosos, umas lágrimas que pareciam chicotes, fustigantes e rápidas. E nós já todos a pensar que as lágrimas acabariam com tamanho desacato... Mas não. Diminuiram os decibéis e o tumulto foi rolando aos poucos para mais longe, como um eco, a escoar-se, a escoar-se até para lá das nove horas !
Isto foi uma daquelas trovoadas que só acontecem a espaços de anos, em Lisboa. Dentro de uma moldura de dias de calor sem pausas, sem alívios nem de noite...Mau mesmo !
Bichos da Terra, percebemos que temos toda esta carga eléctrica a agitar-nos.porque dormimos mal , porque estamos irritadiços, porque sentimos de repente que se nos solta a língua para dizermos coisas que antes não ousávamos, talvez mesmo pensar, quanto mais dizer alto e bom som, porque,ao mesmo tempo, estamos com medos vários... Anda no ar esta revoada da política dos políticos a desinquietar-nos e também rolam as tempestades dos humanos.
Viver todos os dias também cansa é o título de um livro que li há anos. De Pedro Paixão que não conheço. Se ele soubesse quanto tenho pensado nele, pela sua escolha de tal título ! É que é mesmo o que este tempo, esta época, este clima, nos estão fazendo pensar. Cansa, sim , gostarmos de sorrir, de ser amáveis, de ter esperança, de gostar... E tudo ter que ser tão `a defesa...
Isto foi uma daquelas trovoadas que só acontecem a espaços de anos, em Lisboa. Dentro de uma moldura de dias de calor sem pausas, sem alívios nem de noite...Mau mesmo !
Bichos da Terra, percebemos que temos toda esta carga eléctrica a agitar-nos.porque dormimos mal , porque estamos irritadiços, porque sentimos de repente que se nos solta a língua para dizermos coisas que antes não ousávamos, talvez mesmo pensar, quanto mais dizer alto e bom som, porque,ao mesmo tempo, estamos com medos vários... Anda no ar esta revoada da política dos políticos a desinquietar-nos e também rolam as tempestades dos humanos.
Viver todos os dias também cansa é o título de um livro que li há anos. De Pedro Paixão que não conheço. Se ele soubesse quanto tenho pensado nele, pela sua escolha de tal título ! É que é mesmo o que este tempo, esta época, este clima, nos estão fazendo pensar. Cansa, sim , gostarmos de sorrir, de ser amáveis, de ter esperança, de gostar... E tudo ter que ser tão `a defesa...
A foto não é de minha autoria. Apenas me foi oferecida sem identificação de autor.
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