Porque estamos a dois dias do começo do Outono, a estação do ano minha preferida, acordei, como sempre ,ao lusco-fusco e também como sempre, pousei os olhos no meu velho, velhíssimo, crucifixo que àquela hora só os meus olhos vêem, porque sabem que está ali e pensei claríssimo, como se tivesse estado toda a noite a meditar : é mesmo necessária a morte que o outono nos traz, para que possa haver o renascer na primavera...a verdadeira Ressurreição !
Parti para a minha manhã a pensar na densidade desta evidência, de repente para mim tão "evidente" e foi neste espírito que ouvi e li o que a liturgia de hoje nos trazia. Além de Jesus a ensinar aqueles homens seus discípulos que ,de tão simples, às vezes procedem como crianças, surge-nos uma leitura um tanto cruel do Livro da Sabedoria e depois uma Carta de São Tiago que, caída nesta época de efervescência política em que estamos, a uma semana de eleições, me deixou completamente fascinada por várias razões, mas principalmente pelo seu carácter premonitório : A justiça é um fruto produzido na paz, para aqueles que praticam a paz. De onde vêm as guerras? De onde procedem os conflitos entre vós? Não é precisamente das vossas paixões? Cobiçais e nada conseguis : então assassinais. Sois invejosos e não conseguis obter nada: então entrais em conflitos ou guerras. Não tendes nada porque ... pedis mal, visto que o que pedis é apenas para satisfazer as vossas paixões. Ora isto vem a ter um eco reconhecível na lição de Jesus aos apóstolos quando lhes diz Quem quiser ser o primeiro será o último e será o que for "servo de todos".Que mais revelações me trará este domingo sobre como a minha fé pode abrir-me os olhos para a minha vida comigo e para a minha vida socio-política?
1 comentário:
Aguçadíssima reflexão.
A reler durante a semana, se não durante toda a estação.
Jinhos.
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