Quando eu era menina, era uso da minha Terra, da minha província, da minha gente, sair em grupos pela madrugada deste dia e ir "apanhar" o nascer do sol lá para os campos longe e não cultivados mas povoados de tufos de um arbustinho a que chamávamos maias, de pequenas flores amarelinhas, mas sem perfume. Era a celebração da chegada do mês de Maio : colher delas um bonito ramo e trazê-lo, todo flor, para dentro das nossas casas. E acreditava-se que quem não cumprisse este ritual ficaria amarelinho, pálido, todo o ano.
Tudo isto se prestava para toda a espécie de brincadeiras, namoricos incluidos, e o maior divertimento era ir atar um ramo às portas dos que tinham faltado, pressagiando-lhes assim um ano de fealdade..
Era um mundo onde ainda se não tinha perdido a inocência e onde as coisas mais simples, mais modestas, divertiam as pessoas só poque também elas eram mais simples e mais modestas.
Quanta complicação arranjámos depois, a pensar quanto somos ,quanto achamos que devemos ser importantes !
Se eu até fico agora envergonhada por não saber qual o nome e a família botânica
das belas maias que há por esses campos, coisa que, naquela época, nem sequer
molestava de longe a nossa fruição...
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