E uma curiosa coincidência que, tendo este meu blog o nome de Sinestesias ( que tem tudo a ver com os sentidos humanos ), seja a liturgia do dia de hoje tão marcada pela relevância que a estes mesmos sentidos vem dar o evangelista São João. Em primeiro lugar, há o tão espantoso ouvir e depois ver que ele nos conta na sua Carta e pode ter sido a razão/origem da existência dos seus testemunhos..e OUVI atrás de mim uma voz potente, uma voz semelhante à da trombeta, que dizia : o que estás a VER, escreve-o num livro e manda-o às sete igrejas . Voltei-me então para OLHAR em direcção à VOZ que me falava. ... ... VI... ... e DISSE-ME: não tenhas receio,... ... escreve pois o que VIRES: os factos presentes e os que hão-de acontecer depois deles. Tudo isto claramente amalgamado no caldo de cultura da época em que era normal a VISÃO de grandiosidades e luxos decorativos próprios dessas regiões orientais e que encontramos no Livro do Apocalipse e, em última análise ,têm também tudo a ver com os sentidos. Mas é no Evangelho deste Domingo in Albis que, pela incredulidade de Tomé, vemos quanto nós, pobres, simples seres humanos, temos necessidade dos SENTIDOS, para nos situarmos até na nossa Fé. ... chega aqui o teu dedo e VÊ as minhas mãos, aproxima a tua mão e Mete-a no meu Lado... E só então Tomé acreditou.
Foram precisas a simplicidade de criança, a confiança de fieis seguidores, a aprendizagem da convivência com o Espírito, a não entendida experiência dos êxtases, para que ,como disse então Jesus ressuscitado, fossemos dos que são felizes por acreditarem mesmo sem terem VISTO.
Não posso deixar de pensar em Saint-Exupéry quando diz que o essencial é aquilo que se nãoVÊ. Em toda a liturgia de hoje adivinhei o segredo de ter a vida em nome de Deus,por via exclusivamente da minha Fé, se bem que insuspeitadas SINESTESIAS tivessem preparado o meu caminho.
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