28 abril 2010

Abril

Depois de ter-me visto privada do acesso`a internet durante todo um fim de semana alargado,é agora com uma certa volúpia (só conhecida pelos que dela se servem) que retomo a minha posição de bloguista (blogueira ? ). Empregando uma figura um tanto desairosa, direi que, à maneira de um pacífico ruminante, degluti uma substancial massa de assuntos que precisam absolutamente de ser regurgitados para adquirirem o real valor nutricional de que carece o equilíbrio das minhas sinestesias.
Este meteorologicamente extraordinário mês de Abril foi, como todos os outros, no capítulo das efemérides:todos os meus amigos fazem anos neste mês, e familiares mais próximos ou mais afastados, já falecidos uns, outros não. Sendo que o falecimento do meu marido foi neste mês, é a sua recordação de cada dia comum, avivada e elevada à máxima potência nesta época, por alguma razão que já desisti de encontrar. Instala-se uma mágoa que não é igual a mais nenhuma, e pronto!, todo o mês de Abril anda pelas margens desta fundura. Assim, é-me preciso fazer um esforço enorme para não me distrair de todo o resto.1, 4,7,8, 10, 12, 17,19, 21, 22, 23,27..., datas com pessoas que não posso, nem quero deixar de celebrar,umas porque estão vivas, outras porque já partiram e delas nos ficaram as saudades.
E pelos interstícios de tanta data surgiram os acontecimentos ocasionais que vão sempre quebrando as rotinas das maneiras mais inesperadas. Apareceu-me, por exemplo um novo membro daquela família artificial que eu tive, por via da minha madrasta que foi minha Mãe, desde os meus cinco anos. Uma jovem artista, desde há muito radicada em Nova York e que vem expondo as suas instalações em muitos mundos, mesmo orientais, preocupados com a Terra e com o que misteriosamente nós, humanos, herdamos dela enquanto nos fragmentamos em mil partes, na procura da sobrevivência talvez demasiado erradicados e urbanos. Foi um enorme prazer este encontro tão simples e descomprometido com alguém que tão bem sabe interpretar a nossa realidade tão complexa e comprometida...
Comprometida sim com as coisas grandes como a vinda do Papa e com as coisas ridículas como a guerra das nossas empregadas domésticas que consegue abalar a nossa estabilidade e exige um esforço suplementar no recurso às habituais doses
de bom senso para cada coisa, cada dia...Da vinda do Papa, por enquanto, este Abril-hall de entrada da nossa preparação receosa, mostrou-nos sobejos motivos de preocupação que ainda não me deixaram sentir o coração grande dentro do peito, como aconteceu aquando da visita de João Paulo II. Veremos depois se algo encaixa nas fragmentações de que se ocupa a minha nova Prima...
E houve a Música ! A Grande e a outra. Dizer que estive ao pé dela, a ver a gente que a ia ouvir e que eu me fiquei pelo estar perto daquilo que me encanta enquanto fui imaginando aquilo que ainda não conhecia...Explica-se mas, por agora, basta-me dizer que foi a Música assim como foi o 25 de Abril.
Estive. Em corpo e espírito. Mais em espírito. E acho que foi como eu queria que fosse.Porque fui EU que estive inteira com todas as forças que ainda vou tendo para amar, por cima de amar, por cima de amar, por cima de amar, assim mesmo,em camadas de Vida sempre nova e agradecendo-A a Deus em cada novo ABRIL.

1 comentário:

Rafaelle Benevides disse...

Agradeço sua visita, também passo pelo blog Sinestesias para ver o que escreve; volto sempre. O mês de abril também tem sido muito agitado para mim, mas de maneiras diferentes. Grandes abraços.