Numa altura da escala das Estações em que já todos praguejamos contra este verão que nos está a roubar o outono, em que os imediatistas dão entrevistas na praia a dizer que agora é que é bom, pela quentura das ondas, pelo despovoado das areias, pela ardência do sol ainda, fica-se a pensar se somos nós que somos mal-dispostos e razinzas, ou se alguma coisa ou alguém andou mesmo mexendo no nosso clima, parafraseando aquele cómico brasileiro que, ao sentir-se roubado, desconfiava de que alguém teria mexido no seu bolso. Mas estamos secos,como os campos, trazemos a alma engelhada, o corpo lento. cansado...
E suportámos as tensões de todas as picuinhas de duas campanhas eleitorais quase pegadas que não tiveram alegria nem força para nos alegrarem, quaisquer que tenham sido os prazeres dos resultados... E eu, azeda com tudo isto, sou convidada para ir ver um Pirandello que veio mesmo para a cena lisboeta numa época assim ! Ainda se usa a tragédia (digo eu ) do absurdo. Secos, como já disse, só nos faltava sermos outra vez chamados a sofrer o abandono do nosso autor, a nossa incapacidade de assumirmos os defeitos de fabrico que nos calharam em sorte, a nossa pre-condenação a aguentarmo-nos com eles...
Contudo, sei com toda a certeza que, se àmanhã acordar e estiver a chover, a minha vida ainda tem recursos para me deixar embriagar de novo...
1 comentário:
Oh, após o desânimo, a conclusão é maravilhosa!
E razinzas!, que maravilha! :)))))
Jinhos.
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