18 setembro 2008

O recobro...

Tem sido, ao longo desta semana, na minha casa, assim como um arremedo da chegada da Primavera. Como as andorinhas, eles vão chegando: primeiro, só um, muito mais cedo que os outros, depois vêm dois de uma vez, depois um outro...Até que se me enchem as tardes com as sua idas e vindas, muito irregulares, na procura dos acertos nos horários... É realmente uma alegria ! Porque todos vêm contentes, com imensas histórias a saltarem daquelas cabeças ainda borbulhantes das férias, ansiosos por contar... Só os que vêm de novo e quase não me conhecem é que, com um certo embaraço, se apresentam contidos, talvez até um pouco receosos... Todos eles são o que eu chamo "os meus meninos" e, nesta fase da minha vida, uma das minhas razões de viver. É bom vê-los chegar, mais altos, mais magros ou mais gordos, bronzeados, a irradiar liberdade, ares novos, frescura ! ... E muitas vezes trazem ideias novas. Porque há alguns que
"amadurecem" neste espaço sem aulas e com outras motivações,nascidas em consequência de contactos mais prolongados e até mais íntimos com os pais e com pessoas diferentes daquelas que compactam todas as horas dos seus dias na parte maior de cada ano que eles vivem, nesta época da sua formação. É pois, para mim, um recobro, este recomeço das aulas...
Além de que já voltaram a encher a minha mesa de trabalho os Saramagos, Eças, Vieiras, Cesários, todos os Pessoas e por aí fora, cujo convívio nunca me farta e até ainda consegue trazer-me coisas novas de cada vez que os vou libertar do remanso das estantes,,,
Repetindo-me nesta citação de Madre Teresa de Calcutá , o ontem é passado, o amanhã é incerto.Resta-nos o hoje : vamos começar !...

2 comentários:

Anónimo disse...

Srª D. Maria de Lourdes

Gosto imenso desta sua sala!
Palavras enxutas, lisas a lembrar-me sempre uma Sonata de Mozart..
Acresce que tem o nome da minha mãe, o que não me é indiferente...
Diariamente venho cá espreitá-la!
Um beijinho

Maria Helena

Casa branca em frente ao mar enorme,
Com o teu jardim de areia e flocos marinhas
E o teu silêncio intacto em que dorme
O milagre das coisas que eram minhas.

A ti eu voltarei após o incerto
Calor de tantos gestos recebidos
Passados os tumultos e o deserto
Beijados os fantasmas, percorridos
Os murmúrios da terra indefinida.

Em ti renascerei num mundo meu
E a redenção virá nas tuas linhas
Onde nenhuma coisa se perdeu
Do milagre das coisas que eram minhas.

Sophia de Mello Breyner Andresen

Maria de Lourdes Beja disse...

Mª HELENA : MUITO OBRIGADA PELAS SUAS SIMPÁTICAS VISITAS E TAMBÉM PELO POEMA DA SOPHIA QUE ASSOCIOU DE ALGUMA MANEIRA ÀS " COISAS QUE SÃO MINHAS". ESPERO QUE CONTINUEMOS A ENCONTRARMO-NOS...
Mªde LOURDES