Todo este Agosto de Lisboa foi uma insistente provocação à nossa capacidade física de resistir... Cada vez me convenço mais de que nós, portugueses, somos gente do mar, dos nevoeiros do largo, dos ventos a saber a sal, excepção feita, está claro, para as gentes do Alentejo que devem ter guardado genes dos mouros ou para os transmontanos a quem as "TERRAS do DEMO" apetrecharam para os conhecidos "nove meses de inverno,três meses de inferno"...Nós, os outros, vencemos os quilómetros que forem necessários só para fugir, fugir, das securas e ardências mais ou menos violentas que nos sugam a energia (e a alegria), nas cidades.
Então, foi por isso que também eu tive a sorte de, uma bela manhã (sempre as manhãs !) abrir aquela janelinha de uma casa empinada sobre a falésia e ver, lá em baixo, o areal molhado pela maré que já recuara...Fugira de Lisboa para a casa de amigos que, ali, convivem com o mar como se fosse um dos "da casa". E então? Pois, não foi só o areal que me deixou colada à janela àquela hora...Fernão Capelo Gaivota estava lá em baixo !"...the gulls that were not night-flying stood together on the sand, thinking" — Certamente RICHARD BACH viu-as assim, como eu nunca as tinha visto. Eram algumas centenas, todas iguais, cobrindo o areal molhado, todas voltadas de frente para o ventinho norte e tão paradas, tão imóveis que se diria tratar-se de algum ritual ou então, como diz BACH estariam "pensando"... Só levantaram voo,todas em simultâneo, e passada uma larga meia hora. Para onde foram, decerto levavam algum daqueles sonhos do Jonathan Livingston Seagull...
2 comentários:
GOSTEI!Lena
finalmente acedi ao blog!!
Quanto a formação das gaivotas na Ericeira também eu estive lá nesse mesmo dia e as vi dessa mesma maneira. Como não sou biologa não sei qual a razão porque as gaivotas em vias de vento se perfilam em formação militar. Se elas estão a pensar não sei; o que sei é que elas me deixam a pensar...
O Outono está aí já começou a preparar a escrita?
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