Quando em Lisboa se realizou o grande encontro de Tai-Zé, recebi em minha casa três estudantes polacos: duas raparigas e um rapaz, todos universitários, estando uma delas já aestagiar como professora. Só falavam bem o polaco.O inglês era uma ponte muito exígua por onde conseguíamos tentar algumas travessias de entendimento.Mas acabou por ser tudo muito bom o que foi acontecendo. Ficámos amigos. Houve até lágrimas à despedida.
Curiosamente, só o rapaz é que tem mantido contacto comjgo, escrevendo-me em bom inglês a que eu sempre respondo. Foi assim que, quando perdemos João Paulo ll , o Mariusz me escreveu a dizer que o mundo ficava um pouco mais triste...
A vinda de um papa alemão que quase todos os católicos conheciam como muito rigoroso e até algo duro,foi um sobressalto. E temos andado quase todos, mais ou menos a medo, a tentar conhecê-lo mediante o que ele vai fazendo que nós possamos "ver", sejam ele aparecimentos em público, sejam ele declarações ocasionais, sejam ele documentos de doutrina ou simples afirmações, publicações avulsas ou o que quer que seja...
E não é que ele se vai "deixando amar", cada dia um pouquinho mais ?
Hoje, em Munique,uma esplendorosa missa campal. Algumas pessoas minhas amigas vieram falar-me dos olhos do Papa.___Tu viste como o olhar dele se ria e se tornava tão enternecido com as crianças?___Bem, toda aquela envolvência da multidão que aplaudia, do desempenho fantástico da orquestra, da limpidez dos cânticos daquele imenso coral juvenil juntando-se inesperadamente a uma enorme pureza na simplicidade da celebração, tinham forçosamente que se traduzir na singeleza carinhosa da homilia e, consequentemente, no enternecimento do olhar do Papa. Para com todos, não só para as crianças.
Tudo o que se passou não foi mais do que um abraço que o Papa foi dar à sua Baviera. E esse abraço ajudou decerto a que o olhássemos também nós com um olhar mais terno.
É isto o que eu vou dizer ao Mariusz, quando brevemente lhe escrever.
Um pouquinho mais de amor, sempre, de cada vez...
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