Faria hoje 91 anos. Conheci-o bem e fui amiga da Natália,sua mulher.Todos nós"sabíamos" escrever, mas cada um em seu "tom" sendo naturalmente o de António o mais elevado, simples no fraseado, como simples era o autor, no seu convívio . Sendo por formação académica um homem das Ciências isso mesmo o levava a uma aplicação quase esquematizada das situações da vida de todos os dias que lhe era patenteada quer através das dezenas de alunos,quer pelo que a sua sensibilidade captava em cada ocasional cruzamento de rua da grande cidade ( SOBE LUISA... A LÁGRIMA - nem vestígios de ódio...água e cloreto de sódio...). Introvertido por natureza, era de uma clarividência amável e junto dele respirava-se segurança . Tranquilidade, dizia a Natália que era romancista com uma capacidade de compreensão que lhe permitiu sempre produzir retratos fiéis daquela geração em que tínhamos á mão um sem número de traduções dos franceses da Françoise Sagan, do Camus ou da Beauvoir...
Serenamente Gedeão diria:

Lá para o ano três mil e tal
É tudo um vastíssimo cemitério
cacos, cinzas, e pó...
E o nosso sofrimento, pra que serviu, afinal ?
Para que o lembremos com saudade e admiração, sempre, quero eu dizer aqui, hoje.
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