08 julho 2012

AMAR

Na sequência do que vinha dizendo no meu último post,todo esse amor reconfortante a que aí me referia é a dádiva que acaba por dar gosto à minha vida solitária,quando vem de outros para mim e é o que me leva a questionar-me sobre se eu  terei capacidade  retributiva, quanto mais não seja para cristãmente amar ao próximo como a mim mesma.
...como a mim mesma...Aí estará a chave da minha incógnita.
De muitas sobrinhas-netas, pela cadeia familiar do meu marido, uma há que há dias me telefona, quando é nosso hábito usarmos a net para contactar«...Tia, há muitos dias que não aparece no blog, passa-se alguma coisa ?» Ela tem uma filhinha de dois anos e está quase a ter uma outra; está a acabar mais um curso, tem trabalho num atelier seu, aos fins de semana vai com o marido ver os sogros que vivem a cento e tal quilómetros de Lisboa...e  tem tempo para dar por falta de uns desabafos de uma velha e distante tia,na net... Para mim, isto é AMOR. Já em tempo de férias, entram-me em casa em grupinho uns alunos que nem tiveram exames e puseram-me nos braços um enorme ramo de flores brancas «achámos que para si tinham que ser brancas »...para mim, isto é AMOR. Há um amigo que me dá todo o apoio em tanta coisa da quotidiana prática  que  nunca foi da minha formação para a Vida há sessenta e mais anos_ papeladas, aparelhos, modos de encarar e resolver coisas sérias e novas para mim ... Ele tem vários trabalhos que lhe enchem os dias, tem mulher, filhos homens,animais de casa e família em Lisboa e longe de Lisboa. Pois ,tendo eu algum problema pendente, daqueles que só com a sua ajuda  posso encarar, arranja tempo e espaço, para surpreendentemente me aparecer à porta de casa, de manhã cedíssimo, «podemos ver aquilo agora '» ou agarrar no telefone por todo um serão «vamos tentar resolver aquele caso ?»...e nem jantou, sei depois pela mulher ...Para mim, isto é AMOR.A minha empregada que, verficando ser aquele dia o da ESPIGA, e que ela não m'a trouxe pela manhã como desejava, apareceu.me na hora de jantar com a sua gente,a trazer um ramo de Espiga... Isto para mim é AMOR. Inúmeras acções pequeninas e imensas, bem grandes, vistosas como viagens à ESPANHA ou temporadas mascaradas de lazer, para ajudar-me, sob uma elegante forma plural. A amiga que,por acaso,precisava até de ir no seu carro a um local onde só num carro e acompanhada eu poderia ir ,nesse dia e nessa hora ,tudo, tudo é  AMOR DE LETRAS MUITO GRANDES que hoje é o suporte da vida que procuro viver assim,por eles e com eles ,mas sempre na sensação de nunca a nenhum destes amores poder dar a entender o enorme turbilhão que quase explode a cada passo deles...  O que se me enrola no peito  não é mais do que o pobre, o pobríssimo
AMOR  que a eles voto, mesmo sendo sem dúvida cristão...

1 comentário:

julio disse...

Tal qual eu, nobre dama, das palavras e da língua aos setenta, e umas papeladas às milhares, de rabiscos que escrevi com que me distraio às vezes relendo o que nunca li... mas há uma excelsitude em cada gesto consciente
que se revela, ah, há sim!
Mas não tão cristão na exclusividade, sou como é a senhora nobre dama mas no múltiplo de si mesmo que foi Buda, que foi Krishna Maomé, Pitágoras, Hermes e sem conta de outros, já que vamos num verso que saiu do Eterno, que sempre existiu, Eterno e Infinito para a frente e para trás, então só agora resolve nascer, como homem? Creio nos Cristos que vieram antes e virão sempre e depois, e não o quero negar, negando-o no outro que "já veio e vós não o reconheceste!"
E naturalmente, nobre dama do Amor, pelo fogo que arde sem doer e leva à frente numa corrida...
De Sentimentos, de palavras, sim pelo rios das palavras, das músicas, das esperanças e da fé, quem fé tenha e com ela se contente.