Dos vários livros que recebi de presente entre o meu aniversário e o Natal, tendo embora feito uma combinação com todos os amigos para que acabássemos com a troca de presentes, em atenção à época em que vivemos, quero assinalar especialmente um : A MENINA É FILHA DE QUEM ? de Rita Ferro. Uma autobiografia da autora, mas também da sua época, como se uma época fosse um "corpo" que se decide despir para ser visto em todas as suas fraquezas e vícios e ridículos e manias...E cumulativamente como se fosse também ,em largos traços, uma parte da minha própria biografia, uma vez que ela é quase, quase, a minha época, com uns ligeiríssimos desfasamentos. Quero particularmente citar aqui ,com o devido respeito pela autora, um rol de"deveres" sociais de que Rita Ferro se faz eco e que foram tão meus como dela e cujo esquecimento nos dias de hoje eu acho que é só de lastimar, porque, naquele tempo, nos tornavam mais leve e doce o viver quotidiano.
Tem três dias para agradecer um jantar, no máximo.
Nunca se recebe,em casa, de tailleur,~
Não se entra em casa de ninguém sem abotoar os botões do casaco,
Quando uma senhora se aproxima... ...saltas como uma mola ( a um rapazinho sentado)
Não se tira a gravata nem o laço nem mesmo no fim da festa,
Se(as meninas) um dia forem convidadas para jantar... as suas mãos nem se aproximam da carteira...
Não se diz ele ou ela se nos referimos a alguém mais velho ou nos mereça c onsideração...
Vão sempre despedir-se da dona da casa( onde estiveram numa festa qualquer)
Não se vai à missa de manga á cava...
Não se trata um tio por"você"
Encantada por ver estes conselhos em letra redonda, tomei a liberdade de vir aqui citá-los porque há certos procedimentos a que assisto hoje que me deixam chocada mas sempre tenho que resistir à tentação de acusar o erro e nada dizer ... Talvez que esse "calar" seja um preceito do tempo de agora ! ! ! Ver por exemplo um membro do governo que NUNCA abotoa o casaco nem nas ocasiões mais solenes, ver entrar na igreja de uma cidade algarvia e assistir à missa duas raparigas em bikini, ouvir e ver um jovem tratar o PAI por você, assistir a um almoço onde aparecem avulsas pessoas de certa idade e os jovens presentes e à mesa nem fazerem ao menos o simulacro de se levantarem das suas cadeiras... Experiências que naquela hora da geração da RITA FERRO e da minha ninguém por certo terá tido!
Por isso o meu prazer ao ler este livro que me caíu nas mãos em boa hora !
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