Não posso deixar de reconhecer que, se sempre existiram os chamados "fazedores" de opinião desde os mais remotos tempos da História, actuantes com processos dos mais variados em temas, tempos, áreas de cobertura, públicos-alvo, e alvos propriamente ditos, o que se passa agora com a comunicação social , nas suas múltiplas vertentes, é verdadeiramente prodigioso.
Actuando com uma sincronia e velocidade vertiginosas, somos todos enredados na sua teia em poucos minutos e, depois, pelo espaço de tempo que essa enredadora entender que lhe é conveniente. Consegue-se assim pôr um país inteiro a preocupar-se, incomodar-se ou assustar-se com uma só coisa dominante, mas a verdade é que ,`às vezes também surgem, muito excepcionalmente, obcecações benévolas. E que até conseguem estimular quem pode, ou deve ,
para a correcção de alguma coisa.
Nos últimos tempos tão conturbados por uma decorrência económica geral, somos subitamente lançados sobre os problemas das crianças ( maltratadas, abusadas, mal educadas, mal nascidas, abandonadas e até assassinadas !) e sobre a deshumanidade com que se tratam os velhos que o país deixa morrer sozinhos depois de os ter ostracizado das mais aviltantes maneiras.
E então acontece que só estes dois polos dão para se criar todo um mundo de notícias e informações que nos preenchem páginas e horas que poderiam ser de um pouco de pausa nos nossos medos e nas nossas dores de cada dia, que desejaríamos adoçar de esperanças, mas que vão corroendo sempre mais o que deveria ser o nosso prazer de viver, talvez a nossa capacidade de optimismo, malgré tout...
Todos nós fomos e temos crianças na nossa esfera de conhecimentos as quais nos enternecem e para as quais só queremos pensar coisas boas e alegrias. Todos nós ou já somos ou estamo-nos aproximando de ser velhos , e aquele fim de vida poeticamente sonhado na doçura das nossas recordações e da ternura dos outros, está a esfumar-se nas nossas perspectivas.
Como reconquistar a esperança, hoje, esquecendo os crimes e as vilezas que, a cada hora vêm ecoar no nosso conhecimento ?
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