«« a poesia é para comer »» dizia a Natália Correia, no seu modo estrepitoso de escandalizar... E eu, sem nenhuma vontade de escandalizar seja quem for, sempre a entendi perfeitamente e, a partir de certa época da minha vida, comecei a ousar aconchegar junto da ideia da Natália a minha de que a VIDA é para se beber... A grandes tragos ou a pequenos goles.
Aquele acontecimento de um amigo que atinge a classificação magna cum l aude na sua prova de doutoramento, ou o de uma amiga que chega de outra terra para vir ficar connosco, partilhando a nossa casa e a nossa vida temporariamente, ou a tomada de decisões práticas na ocorrência de factos imprevisíveis na orientação do condomínio, ou a envolvência carinhosa de alguém de quem não a esperávamos, ou a bonita camélia que,no nosso minúsculo jardim, a cameleira nos ofereceu, ou a senhora da paróquia que vem pedir para os seus missionários protegidos, ou aquela bonita luz difusa que este sol de primavera deixou coar através das cortinas de linho antigo que hoje lavámos, ou a aluna que nos encheu a semana com uma classificação de 19 valores, depois de termos trabalhado tanto...São, gota a gota, aquela bebida que transforma em pequenos oásis certos dias de secura, tonus indispensável para qualquer gosto de viver.A poesia de que a Natália falava ( e comia ), essa acho que é destas múltiplas gotas que acaba por brotar...
1 comentário:
"... a VIDA é para se beber... A grandes tragos ou a pequenos goles."
Como é que consegue me encantar - i.e. surpreender e abalar (abalos bons...) sempre tanto?
Jinhos.
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